Como tornar suas redes sociais mais acessíveis


Arte com foto de mulher jovem que sorri enquanto olha para a tela do celular que segura em suas mãos. Há vários emojis relacionados às redes sociais sobrepostos na imagem.

Por Cris Marques*

Para uma web mais inclusiva ser realidade, todos os conteúdos disponíveis na internet precisam estar acessíveis e isso também inclui as redes sociais: da sua marca e até mesmo os seus perfis pessoais. Transformar esses espaços em lugares convidativos para todas as pessoas pode ser uma tarefa mais simples do que você imagina. Por isso, reunimos neste conteúdo diversos conceitos, dicas e ferramentas que podem ajudar nesse processo. 

Em geral, as redes sociais já oferecem ambientes acessíveis e recursos de acessibilidade. Basta saber como eles funcionam e a melhor forma de aproveitar essas facilidades. Mas é importante ter em mente que, assim como boa parte da web, elas também têm limitações. Então, estude quem você quer impactar, com quem você quer conversar naquele ambiente e avalie se a rede escolhida é mesmo a melhor opção para manter esse diálogo. Esse é o primeiro passo para começar.

No quinto fascículo da Cartilha Acessibilidade na Web da W3C Brasil, há um trecho sobre o assunto e uma lista com as boas práticas, como:

  • Conhecer as opções de acessibilidade da rede que está usando; 
  • Evitar usar símbolos (emoticons, emojis) no nome da conta, já que eles serão repetidos a cada postagem, tornando a experiência de quem usa leitores de tela cansativa ou mesmo irritante; 
  • Evitar usar as figurinhas disponíveis nas plataformas, pois elas não são descritas.

Uma das orientações mais importantes é adotar nas redes sociais as mesmas recomendações e boas práticas de acessibilidade já usadas em páginas web para textos, links, imagens, vídeos, áudios, tabelas e gráficos. Confira algumas delas a seguir:

Linguagem

  • Use sempre linguagem inclusiva, neutra e acessível. Ela também deve ser simples e objetiva (sujeito + verbo + complemento).
  • Usar memes e termos que estão em alta na web pode ser divertido, mas também pode excluir pessoas da sua comunicação. Por isso, use-os com moderação.
  • Evite substituir o final das palavras por “e”, “x” ou “@”, pois isso cria barreiras para quem usa leitor de tela ou se enquadra no espectro de autismo, entre outros perfis. Prefira usar expressões neutras do idioma. Quer um exemplo? Ao invés de usar “todes” ou “todxs”, adote “todas as pessoas”.

Imagens

  • Faça a descrição de imagens, gráficos e mapas usando a fórmula simplificada: Formato + Sujeito + Paisagem + Ação.
  • Redes sociais como Instagram, Facebook, LinkedIn e Twitter possuem um campo específico para isso que “fica escondido” atrás da imagem e normalmente surge quando você faz o upload do seu arquivo. O nome desse campo é “texto alternativo”.. 
  • Seja breve e concentre-se na informação mais importante da imagem: a maior parte das redes possui uma limitação de caracteres para essa função. 
  • Em dúvida sobre usar esse campo ou escrever no próprio texto do post? Aqui vai uma dica: use os dois! No campo faça uma descrição mais direta e objetiva, depois você desenvolve seu texto e, por fim, inclui uma descrição mais completa depois dele. Assim, estamos tornando a navegação mais ágil e natural para pessoas que usam leitores de tela e beneficiando outros perfis que precisam da descrição da imagem mais completa para compreender melhor o conteúdo postado.

Vídeos

  • Sempre inclua legendas em seus vídeos. Esse é um recurso importante para pessoas com deficiência auditiva que compreendem a língua oral de um país (no caso do Brasil, a língua portuguesa). Além disso, também pode auxiliar quem está assistindo aquele conteúdo sem som em um espaço público, por exemplo, ou quem está aprendendo aquele idioma (uma pessoa estrangeira ou em processo de alfabetização).
  • Na web, é possível encontrar diversas ferramentas que podem te ajudar nesse processo de legendagem de vídeos, como o Capcut e o Subly, além dos serviços nativos de algumas redes, entre elas o YouTube e o Facebook.
  • Siga as mesmas diretrizes de descrição de imagens para descrever seus vídeos nos posts ou em seu canal no YouTube, caso ele não tenha o recurso de audiodescrição embutido. Lembre-se: pessoas que não enxergam também querem ter acesso a conteúdos em vídeo!
  • Sempre que possível, inclua também nos seus vídeos tradução em Libras para ampliar ainda mais seu público. 

Artes

As redes sociais da minha marca já estão acessíveis. Meu perfil pessoal também precisa estar? 

Aqui vale uma reflexão importante sobre o motivo de você ter contas nesses ambientes. As motivações mais comuns normalmente são dividir um pouco da vida com amigos e familiares, interagir com outras pessoas, conhecer gente nova, entender mais sobre a área que trabalha ou deseja trabalhar e criar conexões. Então, ter diversidade nesses espaços de troca é extremamente importante para a evolução pessoal e profissional de qualquer pessoa.

E aqui vai uma pergunta que pode ajudar a pensar ainda mais neste assunto: você ainda não cria e posta conteúdos acessíveis, pois não tem pessoas com deficiência te seguindo nas redes ou você não tem pessoas com deficiência te seguindo nas redes, pois ainda não cria e posta conteúdos acessíveis?  

*Cris Marques é jornalista especialista em acessibilidade digital e uma das voluntárias do Movimento Web para Todos.


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