Descrição de imagens nas redes sociais: ALT ou hashtags inclusivas no texto?


Foto da mão de uma pessoa que segura um celular. A tela mostra o aplicativo Instagram com uma foto de objetos coloridos. Há um ícone de coração no centro da foto. Ao fundo, há um cubo mágico.

Quando você navega pelas redes sociais, o que chama mais a sua atenção: a imagem ou o texto do post? Se você respondeu a primeira opção, saiba que não é a única pessoa que tem esse comportamento nas redes.

Agora, você já parou pra pensar como essa mesma lógica funciona na navegação das pessoas cegas, já que a descrição da imagem só vem ao final do texto do post, na maior parte das vezes?

As hashtags inclusivas (ou descrições abertas) foram a forma encontrada para conseguir descrever as imagens para quem navega por leitor de tela, começando com o projeto #PraCegoVer, criado em 2012, pela professora baiana Patrícia Braille. A iniciativa ainda ganhou um reforço, com o uso da hashtag #PraTodosVerem, que abrange um público maior: pessoas com baixa visão, daltonismo e até deficiência cognitiva.

O fato é que, de lá pra cá, a tecnologia evoluiu e muitas redes sociais incluíram em sua programação o ALT. O recurso, que significa “Alternative Text”, em inglês, ou “Texto Alternativo”, em português, é um campo específico no código da página para a descrição da imagem. Esse recurso fica invisível para quem enxerga, sendo lido apenas pelo leitor de telas, utilizado por pessoas cegas e de baixa visão para navegar na web.

Dois recursos, uma função

Com as duas funcionalidades tendo a mesma proposta, surge a dúvida: usar ALT ou hashtags inclusivas para descrever as imagens? Atualmente, sugerimos que você utilize os dois recursos, sempre tendo em vista o contexto da publicação e a experiência de quem navega. O ALT com uma informação mais objetiva e a descrição aberta na legenda do post com mais detalhes da imagem.

Um exemplo prático da experiência do uso do ALT no Facebook é a preferência do nosso seguidor Gabriel Aquino, que é cego. Ele prefere a descrição no ALT porque o leitor de telas lê essa parte primeiro na navegação. “Isso facilita muito. Dessa forma, não preciso entrar em cada publicação para achar a descrição daquela imagem. A experiência fica mais limpa, mais objetiva e mais parecida com a de quem enxerga”, diz ele.

Sobre a repetição, ele ainda complementa: “colocando ela aberta no final da legenda, quem não quiser ouvir novamente, basta parar a leitura e avançar para o próximo conteúdo”. Carlos Ferrari, cego e embaixador do Movimento, corrobora com a ideia de que o que vem primeiro chama mais a atenção. “Eu faço uma leitura dinâmica em rede social. Então, eu vou passando muito rápido e geralmente é o que ouço primeiro que vai me atrair pra continuar ou não”, afirma.

ALT e descrição funcionando em harmonia

Como a acessibilidade digital é um conhecimento em construção, costumamos conversar bastante com a nossa rede em busca de trazer sempre a melhor orientação.  Agora, entendemos que o melhor é usar as duas funcionalidades: preencher o ALT e fazer as descrições abertas.

Para o nosso embaixador Leonardo Gleison, essa repetição não é um incômodo. “Algumas redes sociais usam a descrição automática, feita por uma inteligência artificial, no campo ALT. Então, independentemente se você cadastrar ou não algo neste campo, o leitor de tela vai ler o texto que aparecer lá”.

Ele ainda levanta outro ponto importante: as empresas sempre estão testando novas funcionalidades e se a gente não usa um recurso, elas podem entender que aquilo não é importante e excluir ou não aprimorar. “O Facebook, por exemplo, usa aquele conteúdo que a gente descreve ali pra treinar o algoritmo de inteligência artificial. Se a gente não usa, como ele vai evoluir esse recurso?”, questiona.

Quer mais motivos para usar o ALT? Ele pode melhorar o ranqueamento do seu site na pesquisa do Google. Isso quer dizer que esse recurso aumenta as chances do seu site ser encontrado pelas pessoas. Tem a ver com a forma como o Google classifica as páginas.

E AS HASHTAGS INCLUSIVAS?

Durante alguns anos, usávamos as hashtags inclusivas #PraTodosVerem e #PraCegoVer na legenda das publicações (na área de texto que acompanha as imagens e vídeos). Atualmente, nós, do Web para Todos, decidimos não usá-las e escrevemos direto: “Descrição da imagem”. 

Fizemos essa atualização a partir da evolução de algumas terminologias. E também pelo fato de que a descrição das imagens aberta ajuda pessoas com diversos tipos de deficiência além da cegueira. 

Houve um pedido mais explícito para deixarmos de usar a hashtag #PraCegoVer vindo de pessoas com baixa visão que não se sentiam representadas por ela. Além disso, o uso da palavra “cego” como sinônimo de pessoas cegas também foi questionado, com destaque para representatividade de mulheres e pessoas não binárias.  

Ouvimos todas as partes e chegamos em conjunto à conclusão que podíamos usar o mais simples e direto que é a expressão “descrição de imagem”. Uma opção de hashtag inclusiva alinhada a esse caminho que escolhemos é #DescriçãoDaImagem. 

Quando for um vídeo, a orientação é usar: “Descrição do vídeo”. Se preferir, tem a opção de inserir a hashtag “#DescriçãoDoVídeo”. 

Mão na massa: descrevendo as imagens nos dois lugares

Depois de entender que, sim, é legal usar as duas funções no post, você pode estar pensando como fazer isso. Então, a dica é pensar numa forma de complementação: o ALT começa de forma mais direta. Depois você desenvolve seu texto e, por fim, usa a descrição aberta para trazer mais detalhes sobre a foto, arte, ilustração ou infográfico usados.

“Eu sempre sou da opinião que menos é mais quando se trata de internet, de informação de descrição de imagem. Mas, usar as duas formas é importante, pois abre possibilidades para quem prefere navegar primeiro por elas”, conclui nosso embaixador Beto Pereira.

Quer mais orientações? Neste texto “Como fazer descrição de imagens”, você tem mais dicas

Para o ALT, reunimos algumas dicas rápidas aqui:

  • Seja breve: a maior parte das redes possui uma limitação de caracteres para essa função. 
  • Informações cruciais: ao olhar para a imagem do post, normalmente, prestamos atenção nas informações mais importantes. Então, contextualize e já siga com a informação principal. Se for um evento, descreva quando, onde e quem estará nele. Em um infográfico, informe o dado que é mais relevante. Já na fala de uma pessoa, escreva a mensagem que ela disse.

Matéria publicada no dia 16/11/2020 e atualizada em 24/10/2022.


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