
Você é daquelas pessoas que espera ansiosamente as promoções da Black Friday para antecipar os presentinhos de final de ano? Se sim e consegue acessar os sites de grandes marcas com as liquidações todas, sorte a sua!
Essa é uma realidade ainda distante para milhões de brasileiros e brasileiras que possuem limitações mais severas e que dependem de alguns recursos e tecnologias assistivas para navegar em sites e aplicativos, inclusive os de e-commerce.
A iniciativa, criada nos Estados Unidos e já consolidada em países do mundo inteiro, incluindo o Brasil, é aguardada ansiosamente tanto pelas empresas quanto pelos consumidores e consumidoras. Ela acontece sempre no final de novembro (neste ano será no dia 28), e dá início às vendas para o período de festas de final de ano.
Para se ter ideia do tamanho desse mercado, estudo da Gauge e da W3haus, do Grupo Stefanini, projeta um faturamento recorde de R$ 13,6 bilhões, 16,5% a mais que em 2024. De acordo com a pesquisa de intenção de compras realizada por Tray, Bling, Octadesk e Vindi, 70% das pessoas consumidoras já se planejam para as compras neste período e 60% pretendem gastar acima de R$ 500.
Essa pesquisa revela que as categorias mais desejadas são Eletrônicos (53%), Eletrodomésticos (44%), Roupas (39%), Viagens (26%) e Beleza (25%). O celular é o principal meio de compra para 75% das entrevistadas, seguido pelo computador (20%). Sites de lojas (58%) e aplicativos (52%) são os canais preferidos.
Mas será que todas as pessoas, incluindo as que possuem deficiências mais severas, conseguem se beneficiar dessas vantagens? Infelizmente, não. Isso porque mesmo os maiores varejistas online do país não estão com seus sites, aplicativos e redes sociais acessíveis para este grande público consumidor.
O último estudo realizado pelo Movimento Web para Todos e BigDataCorp aponta que apenas 2,9% dos mais de 26 milhões de sites ativos no Brasil está acessível para pessoas com algum tipo de deficiência. Quando o recorte recai sobre os sites de e-commerce, esse índice aumenta um pouquinho: apenas 3% não apresentou falhas de acessibilidade.
“Barreiras como a falta de descrição de imagens, formulários que não estão acessíveis para o leitor de telas, vídeos apresentando produtos sem audiodescrição, Libras e legendas, entre outras, impedem as marcas de atingir um público muito maior. Além de perder dinheiro, elas estão infringindo uma série de leis federais, podendo inclusive serem autuadas pelo Ministério Público Federal”, comenta Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.
Para Alexandre Pacheco da Silva, professor e pesquisador da Escola de Direito FGV-SP, pela lei, acessibilidade não é apenas um direito. “É um meio pelo qual pessoas com deficiência podem alcançar a sua inclusão enquanto consumidores e, sobretudo, enquanto cidadãos. Assim, mesmo que a Lei ainda precise de regulamentação em alguns pontos, o comércio eletrônico precisa incluir essas preocupações desde a criação do seu site. Se não por um imperativo de civilidade, por uma necessidade de vender mais produtos”, afirma.
Como denunciar essa violação de direitos básicos do Decreto de Comércio Eletrônico, do Código de Defesa do Consumidor e da Lei Brasileira de Inclusão:
- Entrar em contato com a empresa, por meio dos canais SAC e do atendimento às pessoas consumidoras, e denunciar a violação de direitos ocorrida.
- Entrar em contato com o Procon mais próximo da pessoa que está fazendo a reclamação para registrar o problema de acessibilidade ou de violação de direitos.
- Ou, outra opção é registrar uma reclamação na plataforma Consumidor.gov.br
Como as lojas virtuais podem se adequar
Selecionamos uma série de conteúdos para ajudar profissionais que desenvolvem e mantêm sites e aplicativos de lojas a tornarem esses canais acessíveis a todas as pessoas. São eles:
- Norma ABNT NBR 17225:2025 de acessibilidade para conteúdo e aplicações web
- Como criar sites acessíveis: planejamento, conteúdo, design e programação
- 15 checklists de acessibilidade essenciais para quem desenvolve canais digitais
- Guia de acessibilidade digital para marcas diversas e inclusivas
- Tipos de erros comuns e propositais em desenvolvimento web
- Declaração de acessibilidade: o que é, como e por que fazer uma para o meu site?
- Descomplicando os validadores automáticos de acessibilidade digital
- É possível tornar um site acessível de forma automatizada?
- Conheça alguns tipos de barreiras de navegação na web e soluções para garantir um conteúdo acessível
- Como contratar e checar serviços de acessibilidade digital para sua organização