Tipos de erros comuns e propositais em desenvolvimento web


Foto de mulher em frente a mesa com vários objetos como paleta de cores, protótipos de site, tablet e um monitor grande de computador com um site projetado na tela.

Há vários tipos de erros de acessibilidade cometidos por profissionais durante o desenvolvimento de aplicações web. Os motivos podem ser muitos, como falta de conhecimento das diretrizes de acessibilidade digital e pressa na entrega do projeto. 

Reinaldo Ferraz, especialista em Desenvolvimento Web no W3C Brasil e no Ceweb.br/NIC.br e um dos embaixadores do Movimento Web para Todos, analisou os resultados de validadores de acessibilidade aplicados aos sites governamentais brasileiros que foram coletados da plataforma TIC Web Acessibilidade, do Ceweb para classificar os erros mais recorrentes em dois tipos: os comuns e os propositais. 

Os chamados “erros comuns” surgem no processo de desenvolvimento de produtos digitais, são difíceis de mensurar e não são monitorados. Já os “erros propositais” aparecem quando se faz uma intervenção em uma página sem considerar a acessibilidade. Por padrão, tais erros não aconteceriam. 

Segundo Reinaldo, os erros propositais acontecem porque há pressa para a entrega e, por isso, não passam por testes. Ele reforça que a responsabilidade de implementar um recurso com ou sem acessibilidade é da pessoa que está desenvolvendo a aplicação digital.

Nos dois casos, os erros podem ser fruto do desconhecimento por parte de quem desenvolve de como pessoas com diferentes tipos de deficiência navegam e consomem conteúdo em sites, aplicativos, redes sociais, entre vários outros canais digitais. 

Ali, pode faltar também prática e conhecimento mais aprofundado das diretrizes de acessibilidade digital descritas no WCAG (Web Content Accessibility Guidelines, traduzido para o português como Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo na Web).

De qualquer forma, tanto os erros comuns quanto os propositais devem ser evitados se a intenção é criar um produto digital acessível e inclusivo a todas as pessoas. Conheça a seguir os tipos de erros selecionados pelo Reinaldo e cheque se eles estão presentes em seu projeto. No final da matéria, há dois guias bem completos para você aprender a não cometer mais esses e outros tipos de erros de acessibilidade digital.

Erros comuns no desenvolvimento web

  • Não seguir padrões web. As páginas são desenvolvidas em HTML (HyperText Markup Language), há regras para inclusão dos objetos e respectivos atributos que deveriam ser seguidos. No entanto, a validação do código HTML é difícil por causa dos inúmeros plugins e frameworks existentes. Contudo, Reinaldo destacou que uma página com erro não significa que ela não seja acessível.
  • Erros de marcação. Um botão codificado como botão, um campo de formulário codificado como um campo de formulário e um link com descrição codificado como link são marcações que identificam os objetos na página. Para a acessibilidade, a questão semântica na marcação facilita a compreensão por tecnologias assistivas e sistemas de busca porque dá significado para os objetos que estão na página.
  • Estrutura de cabeçalhos inexistente. A hierarquia e organização dos títulos das seções facilitam a navegação por tecnologia assistiva.
  • Baixo contraste. Aplicado entre texto e fundo ou entre objeto e fundo. O contraste inadequado prejudica a percepção. É difícil uma pessoa perceber botões, clicar no link quando usa um celular em ambiente onde há incidência de Sol ou outra fonte de luz na tela; ou quando o fundo é branco e o texto cinza.
  • Tamanho pequeno de letras. Assim como baixo contraste, letras pequenas dificultam a localização do conteúdo nas telas.
  • Vídeos sem legendas. Há grande consumo e distribuição de vídeos nas redes sociais. As plataformas demoraram a se preparar para adicionar legendas automáticas. Contudo, hoje há aplicativos que permitem embutir e editar legendas nos vídeos.

Erros propositais no desenvolvimento web

  • Travar a navegação pelo teclado em formulários. Isso impede a pessoa usuária de realizar o preenchimento.
  • Inserir links sem nomes ou descrições acessíveis, que não serão reproduzidos de forma adequada pelo leitor de tela.
  • Inserir campos que dependem exclusivamente do uso do mouse para serem acessados ou acionados. Exemplo: data de nascimento com seletores, sem alternativa para digitar.
  • Não realizar testes para verificar o preenchimento dos campos sem o uso do mouse.
  • Incorporar documentos de terceiros não acessíveis (vídeos sem legenda, audiodescrição, PDFs que são imagens). É importante analisar de forma mais crítica e ter cuidado com o tipo de conteúdo que será incluído no site.
  • Usar um template que pode gerar uma barreira de acesso para pessoas com deficiência.
  • Ausência de texto alternativo apropriado. A descrição no texto alternativo depende do contexto, do que se quer transmitir e para quem transmitir. Reinaldo considera que há dificuldade de descrever a imagem de forma adequada.

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