Usando a descrição de imagens no Twitter


Foto da mão de uma pessoa segurando um smartphone ligado com a tela inicial do Twitter. Ao fundo, há uma mesa de madeira e uma xícara branca.
Muitos usuários do Twitter ainda não sabem como inserir descrição de imagens nas fotos que publicam. Foto: Pixabay.

Artigo por Reinaldo Ferraz*

Não dá para imaginar a internet hoje sem o uso de redes sociais. Elas cumprem um papel muito importante no intuito de conectar pessoas e permitir a troca de ideias de forma livre e democrática. 

Porém, as redes sociais ainda não são totalmente acessíveis para as pessoas com deficiência. Em diversas redes é necessário utilizar hashtags para que a descrição de uma imagem seja acessível e as legendas de um vídeo dependem diretamente de quem o publicou. Para minimizar esse cenário, vou explicar aqui como publicar imagens acessíveis no Twitter. 

Configurações de acessibilidade

Por ser uma ferramenta majoritariamente de compartilhamento de texto, seus recursos são mais simples. Mas nem por isso ela consegue garantir acessibilidade para todas as pessoas. 

Por padrão, os recursos de acessibilidade no Twitter estão desabilitados. Para acessar esses recursos na interface web, você precisa acessar, no menu da esquerda, o link “mais” (no dispositivo móvel toque no menu “sanduíche” no canto superior esquerdo) e, depois, em privacidade e segurança. Você acessará um menu de configurações do Twitter. O penúltimo link desse menu é o de acessibilidade, que tem as seguintes opções:

  • Aumentar contraste de cores 
    Modifica diversos elementos (como botões e links) para permitir um contraste maior entre o fundo e o texto. Importante para quem tem baixa visão e pode ter dificuldade de enxergar diferenças de texto, já que o Twitter não sublinha os links.
  • Escrever descrições de imagem
    Permite que o usuário descreva a imagem a ser publicada. Importante para que pessoas cegas consigam compreender o conteúdo da imagem.
  • Reduzir o movimento
    Limita as animações da aplicação, como a atualização em tempo real de curtidas e retweets. Pode diminuir o desconforto de pessoas com transtornos cognitivos.
  • Reproduzir automaticamente
    Permite configurar se vídeos e gifs são reproduzidos automaticamente quando são exibidos. Isso evita que pessoas sensíveis a movimentos em tela, como pessoas com dislexia ou outros transtornos cognitivos, sintam desconforto ou confusão ao navegar pela aplicação.
  • Pronunciar # como “hashtag”
    Recurso disponível somente no aplicativo para dispositivos móveis, permite que o usuários de leitores de tela ouçam a palavra “hashtag” quando o sinal “#” aparecer antes de alguma palavra.

De todos os recursos de acessibilidade disponíveis pela ferramenta, apenas um está relacionado ao usuário que publica conteúdo na rede. Possibilitar a descrição de imagens é o único recurso que os usuários têm de ampliar a acessibilidade do conteúdo publicado. Os demais itens são apenas para aumentar o conforto no consumo de conteúdo.

Descrevendo imagens

Como já dito anteriormente, o Twitter é uma plataforma cuja maioria do conteúdo é texto. Sendo assim, boa parte do seu conteúdo está disponível de forma mais fácil para tecnologia assistiva. O problema é quando você quer fazer publicações com mais elementos e recursos.

Para a publicação de imagens, fica difícil usar a hashtag #PraCegoVer devido ao limite de 280 caracteres. Mas é possível fazer a descrição da imagem publicada utilizando o recurso de descrições de imagem. Esse recurso foi implementado em 2016 na plataforma.

IMPORTANTE: lembre-se que, por padrão, esse recurso está desabilitado. Você precisa acessar as configurações do twitter para habilitá-la.

Depois de selecionar a imagem que deseja publicar, dois itens aparecem na tela para possibilitar a inserção da descrição da imagem. Ambos levam para o mesmo campo de descrição (a diferença  é que o botão “editar” leva para a interface de edição da imagem e é necessário acessar a aba seguinte chamada “ALT”. Já ao acionar “adicionar descrição” o usuário é levado direto para o campo de descrição).

Ilustração com foto do Reinaldo Ferraz no canto superior esquerdo da tela em um círculo. Ao lado, há a frase: "O que está acontecendo". Abaixo, há uma arte rosa e laranja em degradê com o texto: "Web para Todos - Construa com a gente uma internet inclusiva". Na imagem, há a palavra "Editar" destacada com um círculo oval amarelo. Abaixo, há os textos: "Marcar pessoas" e "Adicionar descrição". No rodapé, há ícones de foto, GIF, enquete, emoji, ícone de "adição" e, ao lado, "Tweetar" em um botão azul.
Tela aparece para o usuário ao fazer upload de um arquivo no Twitter.

Logo abaixo da imagem. há um campo de texto para a descrição da imagem. Você tem 1.000 caracteres para descrever a imagem. O objetivo é ser o mais sucinto possível.

“ALT” vem de “alternative text” utilizado para descrever imagens na web. É um recurso antigo da web, mas muito utilizado para garantir a acessibilidade para pessoas que não conseguem enxergar uma foto. O link (logo abaixo da caixa de descrição) que explica o que é um texto alternativo, sua importância e como deve ser feito.

Apesar de ser um recurso simples, isso é pouco utilizado. Talvez porque não seja habilitado automaticamente ou por falta de conhecimento de que um recurso como esses existe. O fato é que precisamos nos preocupar com a acessibilidade para conteúdo não textual, para garantir uma web efetivamente para todos.

BÔNUS: lembre-se de que o Google indexa conteúdo do atributo ALT. Sendo assim, o texto alternativo publicado na sua imagem é indexado, conforme mostram as duas imagens a seguir.

Reprodução da tela do usuário do Twitter com foto do 
Reinaldo Ferraz em um círculo. Ao lado, há o nome "Reinaldo Ferraz
@reinaldoferraz - 29 de março de 2016". Abaixo, há a frase: "Testando o recurso de descrição de imagem no twitter. #acessibilidade". 
Em seguida, há a foto de um bonsai em cima de uma mesa de madeira. No canto inferior da foto, há a sigla "ALT" e, abaixo, os ícones de balão de conversa, retuíte, coração e upload. Logo abaixo, há diversos códigos e palavras em inglês. Em destaque com um círculo oval, há códigos e a frase:"Foto de um bonsai sobre uma superfície de madeira".
Foto publicada no Twitter com texto alternativo preenchido que aparece no código. Imagem: reprodução.

Esse texto aparece em uma busca no Google, mesmo estando invisível para as pessoas que enxergam a imagem. Segue abaixo:

Reprodução da busca do Google com o texto: Foto de um bonsai sobre uma superfície de madeir" site:twitter.com. O ícone do Google colorido aparece no canto superior. Abaixo, em destaque: "Reinaldo Ferraz on Twitter: "Testando o recurso de descrição...".
Busca do Google mostra imagem com descrição. Imagem: Reprodução.
_____________________________________________________________

*Reinaldo Ferraz é especialista em Desenvolvimento Web do W3C Brasil e do Ceweb.br/NIC.br e autor do livro “Acessibilidade na web: boas práticas para construir sites e aplicações acessíveis”.

Outras novidades