Conheça os tipos de tecnologias assistivas que pessoas com deficiência visual utilizam para navegar na web


Mulher com características asiáticas apoia uma de suas mãos em um teclado comum de computador e a outra em um dispositivo Braille. Ela usa fones grandes nos ouvidos e sorri.

Por Mayara Bernardo e Guido Warken*

Pessoas com deficiências diversas têm se beneficiado do avanço tecnológico e participado cada vez mais ativamente na sociedade. E isso só tem sido possível pela crescente utilização das “tecnologias assistivas”, que são um conjunto de serviços, equipamentos e técnicas que visam facilitar e promover a autonomia e a independência dessas pessoas, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Mas é importante frisar que as tecnologias assistivas utilizadas para navegação na web precisam que os sites e aplicativos estejam de acordo com as diretrizes de acessibilidade digital para funcionarem plenamente. 

Por isso, vamos mostrar a seguir alguns desses recursos para que você conheça e confira se sua aplicação digital está ou não bem integrada a eles. 

AMPLIADOR DE TELA

O ampliador de tela – ou lupa eletrônica – serve para melhorar a interação da pessoa com baixa visão em um computador ou dispositivo móvel. Ela pode fazer alterações na fonte e ampliar o layout de uma interface gráfica (símbolos e outros elementos visuais que não são textuais) presente na tela. 

Geralmente, os sistemas operacionais mais populares (como Windows, MacOs, Android e Linux) possuem seus próprios recursos para este fim. A lupa pode ser ativada nas configurações de acessibilidade de cada um desses sistemas. Os ampliadores de tela costumam ser versáteis para se adaptarem às necessidades de quem navega. 

Para que sua aplicação web interaja de forma adequada com esse tipo de tecnologia, ela necessita ser responsiva, ou seja, sua interface deve ser renderizada (convertida ou adaptada) em todos os tamanhos de tela possíveis, sem que o layout seja prejudicado ou desconfigurado.

Um site responsivo também é capaz de suportar variações no tamanho da tela – do computador, celular, tablet, por exemplo -, causadas pelo aumento do zoom feito pela pessoa que está navegando naquela página.

Hoje em dia, há ferramentas para o desenvolvimento de aplicações web que tornam a responsividade de páginas mais fáceis. Uma delas se chama Bootstrap e pode ser utilizada gratuitamente por profissionais de desenvolvimento web. A Bootstrap já contém componentes prontos que podem ser utilizados em sua aplicação.

Além de deixá-la responsiva, ela também suporta a acessibilidade para leitores de tela. Mesmo que o ampliador de telas seja capaz de adaptar a fonte para a pessoa com baixa visão, é imprescindível que a aplicação ofereça, internamente, funcionalidades para adequar a fonte. 

De qualquer forma, é importante que a pessoa tenha a possibilidade de escolher se prefere utilizar a lupa eletrônica ou fazer a ampliação da tela a partir da própria aplicação.

LEITOR DE TELAS

O leitor de tela é uma ferramenta que consegue ler em voz alta as informações apresentadas em forma de texto. Além disso, ela também possibilita à pessoa com deficiência visual severa o acesso, a navegação e a execução de várias tarefas por meio do teclado. 

Se a pessoa usuária de leitor de telas utiliza um dispositivo com tela sensível ao toque, como um smartphone ou tablet, ela pode controlar a ferramenta por meio de gestos específicos na tela ou usando um teclado sem fio.

Esse tipo de tecnologia consegue interagir com os mais variados elementos na tela, tais como botões, campos de texto, links, textos etc., desde que o conteúdo da aplicação esteja preparado para ser lido por leitores de tela. 

Para isso, as páginas web devem estar semanticamente corretas, ou seja, os elementos HTML devem ser colocados de acordo com suas funções designadas e conforme as diretrizes de acessibilidade digital descritas na WCAG (Web Content Accessibility Guidelines, traduzido para o português como Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo na Web).

Importante lembrar sempre que:

  • Imagens devem conter uma descrição textual, a fim de serem informadas pelo leitor de tela às pessoas usuárias.
  • Botões que contenham ícones necessitam de um texto alternativo, indicando a função deste elemento na tela.

O leitor de telas também pode ser usado de outras maneiras. É possível conectar outras tecnologias assistivas a ele, como as telas em Braille. No entanto, elas só conseguem transcrever para o Braille aquilo que o leitor de telas for capaz de ler. Por isso, é muito importante entender primeiro como funciona um leitor de telas e fazer os ajustes necessários em seu site ou aplicativo para que seja utilizado da melhor forma possível.

Há dois exemplos de tela Braille: BraillePen e o Mantis Q40. Ambas possuem um teclado embutido, onde é possível comandar o leitor de telas e operar o dispositivo (computador, smartphone e tablet) por teclas de atalho.

*Mayara Bernardo e Guido Warken fazem parte da Liga Voluntária do Movimento Web para Todos.


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