Acessibilidade digital no Moodle


Ilustração de computador sobre uma mesa com cadernos, livros e fones de ouvido. Uma mão toca o teclado e a outra segura um lápis sobre um caderno.

Por Fernando Barreira, Me.*

O Moodle é um sistema de gestão de aprendizagem (em inglês equivale a Learning Management System, LMS) que ajuda na criação, gerenciamento e oferta de cursos em diversos contextos. Ele foi desenvolvido para apoiar a formação online, facilitando o acesso a recursos em diferentes formatos, como texto, vídeo e áudio.

A ideia por trás do Moodle é fornecer funcionalidades e informações acessíveis a pessoas com diferentes habilidades. Em outras palavras, é um ambiente projetado para ser acessível, criando experiências melhores para todas as pessoas.

A acessibilidade significa desenvolver conteúdo que seja o mais acessível possível, independentemente das habilidades físicas e cognitivas das pessoas e de como elas acessam esse conteúdo na web. É importante desenvolver ambientes e recursos acessíveis, não apenas como uma boa prática, mas também como um requisito legal em muitos países.

Em janeiro de 2020, o Moodle contratou uma consultoria para avaliar o nível de acessibilidade da plataforma. Essa consultoria realizou uma análise técnica abrangente das funcionalidades e da acessibilidade geral do site. A auditoria seguiu a Metodologia de Avaliação da Conformidade de Acessibilidade do Site (WCAG-EM) e contou com testes automatizados e testes realizados por uma equipe de pessoas com deficiência.

O Moodle recebeu a sua primeira certificação de acessibilidade em novembro de 2020, após corrigir todos os problemas relacionados à conformidade com o padrão WCAG 2.1 nível AA.

A certificação mais recente foi realizada com a versão 4.0 do Moodle, sendo que a versão WEB foi certificada no dia 3 de maio de 2023 e a versão mobile no dia 9 de maio de 2023. Ambas as certificações expiram após um ano, período em que uma nova versão do Moodle provavelmente deve ser certificada. 

Dicas importantes para quem publica conteúdo educacional do Moodle 

No entanto, mesmo com a certificação, estudos mostram que a forma como profissionais da área administrativa e docentes criam e disponibilizam os cursos, recursos e atividades, afeta diretamente a acessibilidade.

Um exemplo disso é a ausência de texto alternativo em imagens. No Moodle, é obrigatório adicionar descrições para as imagens inseridas no editor de texto Atto, com um limite de 125 caracteres. A exceção é para imagens decorativas, que devem ser identificadas como tal. Se uma imagem for copiada e colada no editor Atto, ela será automaticamente definida como decorativa. No entanto, se a imagem for essencial para o conteúdo, é necessário editar a imagem e adicionar o texto alternativo.

No Moodle, se a imagem ainda não estiver disponível na plataforma, será necessário realizar o upload da imagem antes de adicionar o texto alternativo. A seguir, estão os passos para realizar o upload e adicionar o texto alternativo:

  • No editor de texto Atto, clique no ícone de imagem na barra de ferramentas para inserir uma nova imagem.
  • Na janela de inserção de imagem, clique no botão “Adicionar” ou “Upload” (dependendo da versão do Moodle).
  • Selecione a imagem desejada no seu dispositivo e clique em “Abrir” para iniciar o upload.
  • Aguarde até que o upload seja concluído. Após o upload, a imagem será exibida na janela de inserção de imagem.
  •  Na mesma janela de inserção de imagem, haverá um campo para digitar o texto alternativo ou “Alt text”.
  • Digite uma descrição concisa e significativa da imagem no campo de texto alternativo. Certifique-se de transmitir a mensagem ou informação essencial contida na imagem.
  • Clique em “Salvar imagem” ou em um botão semelhante para adicionar a imagem ao editor de texto junto com o texto alternativo.
Print da área "propriedades da imagem" do Moodle destinada ao upload de fotos. Há campos para inserir o link da imagem, descrição e ajustes de edição, e o botão "salvar imagem". Em destaque está a frase "as imagens precisam de uma descrição, a menos que sejam marcadas como apenas decorativas".
Exemplo ilustrativo do campo para inserir imagens na plataforma Moodle. | Foto: Arquivo pessoal de Fernando Barreira

Seguindo essas etapas, você poderá fazer o upload da imagem no Moodle e adicionar o texto alternativo necessário para tornar o conteúdo mais acessível às pessoas  com deficiência visual usuárias da plataforma. Certifique-se de fornecer descrições claras e relevantes para todas as imagens para garantir que alunos e alunas possam compreender o conteúdo de forma equivalente.

É importante ressaltar que os procedimentos para adicionar texto alternativo às imagens no Moodle podem variar de acordo com a versão específica do Moodle que está sendo utilizada. O Moodle é um sistema em constante desenvolvimento e cada versão pode apresentar pequenas diferenças na interface do usuário e nas opções disponíveis durante o processo de upload de imagens.

Portanto, é recomendado consultar a documentação oficial do Moodle ou as instruções específicas da versão em uso para obter orientações precisas sobre como adicionar texto alternativo às imagens na versão específica do Moodle que está sendo utilizada. Isso garantirá que você tenha as informações mais atualizadas e precisas para executar essas tarefas no ambiente do seu Moodle, levando em consideração as características e recursos específicos da versão em uso.

É importante adotar boas práticas de acessibilidade ao oferecer recursos digitais, pois nem todas as necessidades ou preferências de acessibilidade são facilmente identificáveis por quem utiliza a plataforma para estudos, e nem sempre professores e professoras têm conhecimento ou acesso a essas informações. Ao adotar essas práticas, é possível minimizar a incompatibilidade entre as necessidades de alunos e alunas e a experiência de aprendizagem oferecida.

*Fernando Barreira é diretor de tecnologia e um dos fundadores da empresa BISTEC. Professor desde 1995, atualmente em cursos de pós-graduação. Mestre em Educação, na área de Especialização em Educação e Tecnologias Digitais pela Universidade de Lisboa-Portugal, Mestre em Engenharia de Computação pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo e autor do livro Acessibilidade Digital no Moodle: práticas recomendadas para formadores e professores. Fernando também faz parte da Liga Voluntária do Movimento Web para Todos.


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