Convulsões provocadas por conteúdos digitais: conheça os gatilhos e adeque sua comunicação online


Arte em tons de azul claro, azul escuro, vermelho e amarelo. Há a ilustração de uma pessoa de perfil, com cabelos compridos esvoaçantes. Com a mão direita, ela segura um celular próximo ao rosto e olha para a tela com expressão de espanto.
Conteúdos animados na web também devem seguir as diretrizes de acessibilidade digital. Foto: Istock

Algumas pessoas são mais propensas a terem convulsões causadas por efeitos de luz estroboscópica ou intermitente. E isso pode acontecer tanto no mundo físico quanto no digital. 

No ano de 1997, foi registrado um caso grave no Japão, quando cerca de 700 crianças precisaram recorrer a socorro médico devido a crises convulsivas provocadas durante a exibição de um episódio específico do desenho animado Pokémon. 

Já parou para pensar que conteúdos publicados em sites ou em redes sociais também podem ser gatilhos para esse tipo de problema que leva muita gente a adoecer? 

Muitas animações, vídeos, textos móveis, carrosséis etc. não apresentam perigo neste sentido. Mas quando se insere efeitos dramáticos por luzes intermitentes ou palpitantes e por luzes estroboscópicas, o que seria um filme divertido ou uma promoção vantajosa passa a ser uma peça perigosa para muitas pessoas que têm esse tipo de sensibilidade. Imagens em movimento abaixo de textos estáticos também podem causar grande desconforto nas pessoas. 

Por isso, quem desenvolve sites, jogos, aplicativos, entre outros canais digitais, deve sempre seguir as diretrizes do Guia de Acessibilidade de Conteúdo da Web (WCAG 2.1) para evitar também esse tipo de barreira.

Ali, há a orientação sobre os limites específicos para o tamanho, frequência, intensidade ou contraste dos flashes. É preciso também ter muito cuidado com o uso da cor vermelha, que pode gerar um contraste muito intenso e desconfortável. Mesmo que essas animações não causem convulsões, elas podem provocar náusea ou tontura em algumas pessoas, que são chamadas de distúrbios vestibulares. 

“Sabemos que vários desses recursos – como luzes piscantes e cores vibrantes, certos filtros animados em redes sociais, pop-ups, entre outros – foram criados para chamar a atenção do público. E chamam mesmo! Mas a reflexão que temos que fazer é: que tipo de experiência queremos oferecer a quem visita nossos canais digitais?”. Esse é o alerta que a idealizadora do Movimento Web para Todos, Simone Freire, faz a quem ignora a empatia e o bem das pessoas para destacar seu conteúdo.

“Além de não serem acessíveis e provocarem problemas de saúde, conteúdos criados dessa forma podem também causar irritação em muita gente e, por consequência, abandono do site ou do vídeo”, finaliza Simone.

* Esta reportagem contou com o apoio de Luciana Quintão de Moraes, poeta, graduada em Letras e voluntária do Movimento Web para Todos. 


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