Conheça os principais desafios e soluções para tornar lojas virtuais acessíveis



Pessoa segura cartão de crédito ao lado de um llaptop mostrando produtos na tela.
Pessoa segura cartão de crédito ao lado do computador. Foto: Pixabay.

Pensou em fazer uma loja online, mas não sabe por onde começar? Ou simplesmente não tem ideia sobre a importância de tornar a sua plataforma acessível? Saiba que seu público pode crescer e muito a partir da aplicação das diretrizes de acessibilidade na sua loja online!

E mais: a taxa de conversão da sua loja pode aumentar em até 30%! Ao longo desta matéria, você saberá por qual motivo isso acontece e quais os passos que deve seguir para conseguir o mesmo em seu negócio virtual.

Sabemos que nem sempre é fácil fazer com que isso aconteça, mas é possível se você contar com a orientação de especialistas. Uma realidade que acompanhamos diariamente é que há um grave problema de exclusão de pessoas com deficiência do mercado eletrônico. E olha que estamos falando em cerca de 45 milhões delas só no Brasil, segundo o Censo de 2010 do IBGE.

Muitas vezes, por falta de acessibilidade, as lojas violam gravemente tanto o Código de Defesa do Consumidor quanto a Lei Brasileira de Inclusão e o Decreto de Comércio Eletrônico.

Essas são algumas das conclusões do estudo “As principais barreiras de acesso em sites do e-commerce brasileiro – 2º Estudo de Acessibilidade em sites”. A iniciativa foi realizada pelo Movimento Web para Todos em parceria com o Ceweb.br e o apoio do W3C Brasil. Ela contou também com a equipe de direitos digitais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que explicou em detalhes o que são essas violações da lei.

Para mudar esse quadro, temos realizado muitas ações de conscientização. Exemplo disso são as palestras sobre esse assunto para empreendedores de diversas cidades brasileiras durante os eventos do Ciclo MPE, iniciativa do nosso parceiro Camara-e.net. Também estamos capacitando profissionais que desenvolvem sites e aplicativos (designers, produtores de conteúdo e programadores) e apoiando diversas empresas nesse processo de transformação.

E o mercado já começa a reagir! É o que começamos ver em organizações como a MaxMilhas e iFood. Elas estão se empenhando para deixar suas lojas virtuais cada vez mais acessíveis e têm consciência que não é um processo rápido, mas que é um trabalho constante e uma jornada sem volta rumo ao sucesso.

Sabemos também que muitas plataformas de e-commerce não são acessíveis e isso se estende para a comunicação online que elas promovem.

O fato é que acessibilidade não é uma opção. É obrigação!

Convidamos Thiago Sarraf, especialista em e-commerce e embaixador do Movimento Web para Todos, para auxiliar você a tornar sua loja acessível. Ele conhece muito bem os problemas que você enfrenta no dia a dia com a pressão das vendas, limitação tecnológica e equipe enxuta. O melhor de tudo é que ele aponta as soluções e os caminhos que você deve seguir.
Confira!

WPT – O que você enxerga como maiores dificuldades?
Thiago Sarraf – Eu dividiria em dois grandes momentos. Primeiro, o lojista precisa entender a necessidade de adequação de sua loja virtual, pois ele ainda não enxerga as pessoas com deficiência como consumidores potenciais. E entender isso só depende dele.

Em segundo lugar, vem a dificuldade técnica, e aqui podemos dividir em duas partes. A primeira é a dependência que ele tem de terceiros, pois as plataformas que o lojista utiliza para montar seu e-commerce não são acessíveis e possuem muitas travas que os impede de ajustar sozinhos. Ou seja, o lojista muitas vezes acaba ficando nas mãos dessas plataformas e, mesmo que tenha intenção de acessibilizar sua loja, acaba tendo que desistir porque não tem autonomia para resolver sozinho aqueles entraves de programação.

A segunda dificuldade que ele encontra é na manutenção do processo de postar conteúdos acessíveis. Esse lojista tem pouco conhecimento nesta área e postar seus produtos de forma acessível ainda exige dele conhecimento e um tempo extra, o que ele não tem neste momento. Sua equipe é absolutamente enxuta e ele acaba priorizando a velocidade e a praticidade.

Eu procuro sempre ajudá-lo complementando o guia de SEO com conhecimento específico sobre acessibilidade que aprendi com vocês, como descrição das imagens e do produto, as marcações na programação para dar uma leitura melhor. Mas, muitas vezes, o lojista fica limitado “à maquiagem do front end”, enquanto uma mudança no back end resolveria de fato, mas isso não depende dele.

Ele pode incorporar esse conhecimento no processo de cadastro do produto, e esse é um passo a passo que insisto muito para que sigam direitinho. E não há motivos para não fazer, já que isso melhora muito também o SEO. E, aos poucos, vou acrescentando também uma melhora gradual no espaçamento das linhas, na composição das cores e contrastes, tirar animação, e assim por diante. Mas é um passo por vez.

O mais importante é mostrar ao lojista todos os benefícios que ele terá em sua loja se ela for acessível, que inclui o consumidor com deficiência, mas também melhora muito seu desempenho comercial como um todo. Ele entende melhor essa linguagem, pois ela está mais próxima da sua realidade.

WPT – O que diria ao lojista para que ele comece a fazer essa transformação?
Thiago – O melhor a fazer é ir adaptando aos poucos, conforme ele vai buscando aprimorar a performance de sua loja. A cada novo processo que ele vai passar a implementar, é importante que saiba também o real motivo para aquela mudança. Mas não é possível fazer tudo de uma vez. É preciso dar um passo por vez para que aquele conhecimento seja compreendido e absorvido.

Sobre as plataformas de e-commerce que ele utiliza, o melhor a fazer é ele ir “cutucando” essas plataformas, ir solicitando o apoio e as mudanças necessárias na programação, no back end. Afinal, eles são clientes dessas plataformas e elas só agem de acordo com as demandas de mercado.

WPT – Quais ganhos reais você percebe que o lojista teria em tornar sua loja acessível?
Thiago – Um ganho direto que ele terá vai acontecer na taxa de conversão. Isso porque essas melhorias afetam diretamente a performance geral do site. Primeiro, porque vai melhorar invariavelmente para todo mundo, pois o acesso vai ficar melhor e mais fácil a todos os usuários, com ou sem deficiência. Em segundo lugar, porque ele ganhará novos clientes, aqueles que até então não conseguiam navegar em sua loja.
Não existe um dado exato, mas pela minha experiência, estimo que a taxa de conversão de um site que se torna acessível aumente de 10% a 30%.

WPT – O que você tem feito para engajar mais lojistas? E como tem sido a receptividade?
Thiago – Tenho feito palestras sobre o tema, mas especialmente tenho engajado um a um, provando os benefícios para cada lojista a partir de sua própria realidade. Estou pensando também em criar um conteúdo específico sobre os benefícios da acessibilidade digital para os canais do Dr. E-commerce.
O lojista tem ouvido, fica sensível ao assunto, mas só absorve bem o conteúdo quando ele vê benefício real na performance de sua loja. O processo ainda é esse: mais focado nos benefícios mercadológicos de curto prazo, mas espero chegar num momento em que isso tudo seja natural.

WPT – Por que você se engajou nessa causa? O que o levou a se tornar um embaixador do Movimento Web para Todos?
Thiago – Pessoalmente, eu não gosto de ver nenhum cenário discriminatório. Isso é algo que me incomoda profundamente. Sou uma pessoa empática e tenho um forte senso de justiça, características que foram passadas muito intensamente pelos meus pais.

Assim, quando tive conhecimento por meio de vocês (no workshop em parceria com o Google) sobre a exclusão das pessoas com deficiência do mundo digital, eu fiquei muito chocado e inconformado de ainda não saber disso. Na hora, fiquei muito sensibilizado e já comecei a pensar em como eu poderia agir no meu meio para reverter esse cenário de exclusão.

Além disso, eu vivi uma situação de discriminação muito chata com meu irmão mais novo. Ele nasceu prematuro e com uma assimetria crânio facial, o que o levou muitas vezes ao hospital, a realizar cirurgias etc. Hoje ele está ótimo, mas passou sua infância e adolescência sofrendo muitas hostilidades e dificuldades, fortes situações de bullying na escola e isso afetou profundamente minha vida também.

Minha mãe, enquanto estava grávida, ficou próxima a uma pessoa com rubéola e acabou sendo infectada, o que impactou diretamente o desenvolvimento do meu irmão enquanto ele ainda era um feto.

Então, quando eu soube do impacto da falta de acessibilidade digital para os milhões de brasileiros com deficiência, fiquei muito tocado e, ao mesmo tempo, muito estimulado a agir e dar minha contribuição nesse processo de transformação da web.

Como colocar a acessibilidade em prática

Acreditamos e fortalecemos, de forma contínua, a importância de todos nós colocarmos a acessibilidade digital em prática desde o início dos projetos digitais. Preparamos essa série especial para ajudar você no desenvolvimento de seus canais digitais acessíveis e de acordo com a lei.

Aprenda a fazer um site acessível desde o começo – Parte 1 – Planejamento e conteúdo
Aprenda a fazer um site acessível desde o começo – Parte 2 – Design
Aprenda a fazer um site acessível desde o começo – Parte 3 – Programação

Mas se você precisar de mais ajuda, conte com a equipe do Movimento Web para Todos. Conheça os nossos serviços e vamos transformar, juntos, a web brasileira num ambiente mais inclusivo e que traga melhor rentabilidade para seu negócio!

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