Conheça 10 tecnologias assistivas que pessoas com deficiência motora utilizam para navegar na web


Foto de uma criança em cadeira de rodas com duas mulheres ao seu lado. A menina está apoiada em uma mesa à sua frente e toca com uma das mãos um mouse especial enquanto olha para a tela do computador.

Por Gabriella Selva, Marcelo Penha e Rodrigo Souza*

A acessibilidade digital, antes de mais nada, é ter o direito de acessar de maneira regular e sem dificuldades as mais variadas páginas disponíveis na web. Para que pessoas com deficiência possam ter autonomia neste tipo de navegação, é fundamental que os sites sigam as diretrizes de acessibilidade e interajam bem com as tecnologias assistivas utilizadas por elas.

Tecnologias assistivas são qualquer tipo de recurso especificamente concebido para auxiliar pessoas com mobilidade reduzida, deficiência visual, auditiva, intelectual e cognitiva na execução de atividades do seu cotidiano. 

De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do ano de 2014, 57% das pessoas com deficiência no Brasil utilizam a internet com frequência. E por mais que representem uma parcela considerável da população que está presente no universo online, elas encontram diversas barreiras de navegação, que são obstáculos para uma verdadeira autonomia na web.

O foco desta matéria é nas pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida que utilizam tecnologias assistivas para navegação na web. É um grupo diverso que contempla quem tem monoplegia, hemiplegia, paraplegia, tetraplegia, amputação, entre outros.  

O objetivo é ampliar o conhecimento especialmente entre profissionais que desenvolvem sites e aplicativos. Quanto mais se aprende sobre como é a experiência de navegação de pessoas diversas, fica mais fácil compreender e aplicar as diretrizes de acessibilidade previstas na WCAG, que é o principal guia de recomendações nesta área.

Por conta disso, reunimos a seguir 10 exemplos de tecnologias assistivas que permitem uma navegação na web com mais conforto e uma melhor experiência de acesso.

1. Motrix

Desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Motrix é um software que permite que pessoas com deficiência motora severa, sobretudo tetraplegia e distrofia muscular, possam utilizar microcomputadores, permitindo que elas tenham acesso à escrita, leitura e comunicação com intermédio da internet. O programa simula o uso do mouse e teclado e possibilita a ativação de programas e funções no Windows. Todo o sistema é acionado por meio de comandos falados em um microfone. 

2. XULIA

Inspirado no programa Motrix, o XULIA (Xestión Unificada de Lenguaxe con Intelixencia Artificial) é um software de reconhecimento de voz que substitui completamente o uso do teclado e do mouse. Foi criado em 2017 na Espanha e, no Brasil, teve a colaboração do Instituto Novo Ser, que é o responsável pela distribuição da tecnologia em território brasileiro de maneira totalmente gratuita. 

3. microFênix

Uma outra criação do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro é o microFênix v 2.0, que tem o intuito de facilitar o uso do computador para pessoas com deficiência motora severa, como tetraplegia, distrofia muscular e outras limitações que impossibilitam o uso dos membros superiores ativamente, e também para quem não fala. O programa simula o uso do mouse e teclado e permite a ativação de programas e funções no ambiente Windows. A interação com o programa é feita através de menus que aparecem na tela. Assim, a utilização dessa tecnologia proporciona às pessoas com limitações motoras e na fala acesso ao computador e muitas outras atividades, como a realização de trabalhos, estudos, jogos ou navegação ilimitada na internet. 

4. Interruptor de Aspirar e Assoprar

O Interruptor de Aspirar e Assoprar (ou SNP) permite que a pessoa navegue por elementos em uma única página web e, em seguida, ao aspirar e assoprar pode abrir links e ativar botões. Pessoas usuárias desse tipo de tecnologia “tomam um gole” ou “sopram uma baforada de ar” em uma varinha, que se assemelha a um canudo, para criar uma pressão de ar. Isso faz com que seja enviado um sinal para o dispositivo que aciona certos comandos, assim como um teclado ou mouse faria.

5. Interruptor de Acesso Único

O Interruptor de Acesso Único tem como objetivo auxiliar no uso de eletrodomésticos, utensílios, brinquedos, dispositivos de aprendizado e diferentes tipos de aparelhos eletrônicos. Os interruptores adaptativos permitem que pessoas com mobilidade reduzida ativem dispositivos variados em seu ambiente, como computadores, celulares e aqueles voltados à comunicação e controle de equipamentos domésticos.

6. Mouse trackball grande

O mouse track ball auxilia pessoas com algum tipo de deficiência motora, com pouca força ou coordenação, dor no punho ou amplitude de movimento limitada. O Trackball é um hardware de entrada, semelhante ao mouse. Com ele, a pessoa manipula uma esfera, geralmente localizada na sua parte superior, para mover o cursor da tela. Tem a função de tornar a precisão do movimento mais certeira e faz com que o cursor se desloque na tela exatamente como o mouse tradicional.

7. Teclado de cabeça/boca

Muitas vezes descrito como teclado de cabeça, teclado de boca ou teclado de um dedo, o teclado de cabeça/boca da Maltron apresenta um layout que combina com o movimento natural da cabeça e auxilia na digitação sem o uso das mãos. A definição de velocidade e a repetição podem ser ajustadas de acordo com a necessidade de cada pessoa.

8. Rastreio dos Olhos (eye-tracking, em inglês)

O programa de Rastreio dos Olhos, da Tobbi Technology, é um dispositivo controlado completamente por rastreamento ocular e oferece uma seleção precisa do olhar de quem o utiliza para selecionar rapidamente os alvos da tela. Em outras palavras, a interação com o olhar é um método de acesso ao computador que permite que pessoas com deficiência motora naveguem e controlem seu computador com os olhos. Tem as mesmas funções do mouse, como ativar, selecionar, ampliar, rolar, entre outras.

9. Software de Reconhecimento de Fala (Dragon)

O Dragon é um software de reconhecimento de fala que tem como principais funções converter fala em texto e permitir que pessoas naveguem pelo conteúdo usando comandos falados. Fabricado pela Nuance, as funções de navegação do Dragon podem ser divididas em interações de teclado e interações de mouse. As palavras ditadas aparecem em uma dica de ferramentas flutuantes à medida que são faladas e quando o falante pausa, o programa transcreve as palavras na janela ativa no local do cursor. A última atualização do software foi no ano de 2018 e, como consequência, apresenta alguns erros quando alguém fala devagar.

10. Colibri

O Colibri, da empresa TiX, é um mouse de cabeça sem fios. Ele permite que pessoas que não podem usar as mãos controlem celular, tablet e computador apenas com movimentos da cabeça e piscar dos olhos. Essa tecnologia assistiva não tem fio, sua bateria é recarregável e não necessita de instalação no computador ou celular, bastando o pareamento via bluetooth. É disponível em várias cores e pode ser preso à armação dos óculos da pessoa usuária, que pode optar por comprá-lo ou alugá-lo.

*Gabriella Selva, Marcelo Penha e Rodrigo Souza fazem parte da Liga Voluntária do Movimento Web para Todos.


Leia também:

Outras novidades