Quem faz produção cultural no Brasil e se apoia em benefícios de editais de organizações públicas ou privadas ganhou recentemente um incentivo a mais para tornar seus projetos acessíveis a todas as pessoas.
Desde que foi publicada a Instrução Normativa nº 5, que deixou mais claras as regras e procedimentos para a implementação de ações afirmativas e medidas de acessibilidade previstas no artigo 17 da Lei Paulo Gustavo, temos percebido uma agitação diferente neste setor.
Profissionais dessa área têm procurado o Movimento Web para Todos para tirarem dúvidas sobre como tornar acessíveis os canais digitais que serão utilizados para a divulgação dos conteúdos culturais. A Instrução Normativa determina que procedimentos relacionados às acessibilidades arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais devem estar previstos no orçamento do projeto desde sua concepção.
“Esta é uma excelente oportunidade para quem faz produção cultural se inteirar mais sobre esse tema para investirem bem seus recursos, não caírem em ciladas e ampliarem o alcance de seus projetos”, comemora Simone Freire, idealizadora do Web para Todos.
Para ajudar nesse processo, selecionamos algumas dicas básicas de acessibilidade digital que profissionais dessa área precisam saber antes de submeter seu projeto a um edital e depois na fase de execução. Confira.
Dicas de acessibilidade digital para a elaboração do projeto cultural
- Amplie seu público – Qualquer que seja seu projeto cultural, pense que ele também poderá ser usufruído por pessoas com deficiência. Por isso, considere também esse público desde o início, detalhando ao máximo seu perfil. Para isso, nada melhor do que envolver diretamente pessoas com deficiência na fase de concepção do projeto.
- Inclua acessibilidade em toda jornada – Ao planejar um evento cultural, descreva como este público será impactado desde a fase da divulgação até a experiência direta com seu produto. É muito comum se pensar apenas na acessibilidade do local do evento e não considerar a divulgação nos canais digitais, a compra virtual do ingresso, entre outras etapas que compõem a produção.
- Eleja alguém como guardiã da acessibilidade – Essa pessoa não precisa dominar todos os conceitos dos diferentes tipos de acessibilidade, mas deve conhecer o básico e saber como buscar recursos no mercado para apoiar no orçamento do projeto. Essa mesma pessoa cuidará para que tudo seja cumprido na fase de implementação.
- Liste todos os canais e peças digitais que serão utilizados durante o projeto – Seguem alguns exemplos para ajudar você: site do evento, vídeos e artes de divulgação nas redes sociais, e-mail marketing, WhatsApp, totens e painéis eletrônicos, mídia de elevador, aplicativos, páginas para compras de ingresso, etc. Esse exercício será muito útil para você planejar tanto o orçamento quanto o tipo de produção que deve ser feita para que o conteúdo seja acessível para todas as pessoas.
- Faça orçamentos reais – Infelizmente, é muito comum vermos profissionais no desespero quando se dão conta de que o orçamento aprovado no edital é muito inferior que o custo real. E isso acontece porque o orçamento para acessibilidade é pensado ainda de forma muito rasa neste setor, considerando apenas um ou outro recurso, o que provoca a exclusão de uma grande parcela da população e o descumprimento da LPG.
Dicas de acessibilidade digital para a implementação do projeto cultural
- Faça tudo acessível desde o início – Não caia na tentação de incluir recursos de acessibilidade apenas depois de o projeto ter sido lançado. O risco de você perder dinheiro e tempo com isso é enorme, pois certamente terá que refazer algumas ou muitas etapas. Aplique as diretrizes de acessibilidade digital nos textos de divulgação, nas cores e contrastes, na tipologia das artes, nas imagens, no roteiro dos vídeos, entre outros. Por isso, ter uma pessoa com o perfil de guardiã da acessibilidade é uma ótima dica!
- Teste a acessibilidade – Além de seguir as orientações de acessibilidade digital em seu projeto, é importante também que você teste os canais e peças de divulgação com especialistas no assunto, incluindo pessoas com deficiência. Algumas vezes, é preciso fazer adaptações para tornar a experiência ainda mais fluida e agradável para esse público.
- Use essa experiência nos próximos editais – Aprenda com os erros e acertos em cada projeto cultural, faça pesquisas de satisfação com seu público, em especial com pessoas que necessitam de recursos de acessibilidade. Esse conhecimento vai lhe dar mais condições de criar projetos mais completos e com maiores chances de aprovação em editais.
Aprenda mais sobre produção cultural acessível
Em maio de 2021, aconteceu uma série de eventos que formaram o seminário chamado “Encontros CCBB Sobre Acessibilidade Digital” com conteúdo focado em como tornar produções culturais mais acessíveis.
O seminário foi realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil, com curadoria do Movimento Web para Todos, patrocínio do Banco do Brasil, idealização e produção executiva da Agência Galo.
Você pode conferir o conteúdo e aprender com especialistas acessando os links a seguir:
- Painel de abertura: acessibilidade digital nas artes visuais: por que você deve se preocupar com isso?
- Oficina de programação acessível
- Oficina de design acessível
- Oficina de produção de conteúdo digital acessível
- Debate: desejos para a construção de uma sociedade digital culturalmente inclusiva
- Painel: acesso à arte e cultura por pessoas com deficiência