O consumo de conteúdo em áudio tem crescido cada vez mais. Segundo pesquisa do Ibope (anteriormente Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) de 2019, dos 120 milhões dos internautas brasileiros, 50 milhões já ouviram ou ouvem podcasts. Isso equivale a 40% da população do nosso país.
Com números tão expressivos, as marcas estão usando cada vez mais o recurso para compartilhar informações. Mas como transformar esse material em um conteúdo acessível numa sociedade que, só no Brasil, tem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência?
Esse foi o tema da palestra da jornalista especialista em comunicação digital acessível, Eli Maciel, e o professor de comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e podcaster há 15 anos, Marcelo Abud. Em um bate papo de 25 minutinhos no Link Festival Digital de Acessibilidade 2020, eles deram várias dicas de como tornar esse conteúdo acessível.
Você pode assistir à palestra pela primeira vez ou rever quantas vezes quiser acessando o vídeo que está ao final desta página. Essa versão contém Libras, legenda e audiodescrição. O Link é uma iniciativa da Hand Talk, que é uma das empresas parceiras do Movimento, e, neste ano, contou com nosso apoio na curadoria de conteúdo.
Confira as principais dicas para criar podcasts acessíveis:
Tenha um site acessível
Se o seu podcast estiver dentro de um site que não é acessível, as pessoas com deficiência podem não encontrar aquele material ou, pior, não conseguir navegar por ele. Então, é necessário pensar em todas as premissas de acessibilidade que a sua página na web precisa ter:
- Contraste suficiente entre cores de texto e plano de fundo.
- Conteúdo acessível por leitores de tela e outras tecnologias assistivas.
- Imagens com descrição em texto.
- Tudo precisa ser navegável e operável por teclado, controle de voz e outros métodos que vão além do mouse.
- Use avatares de Libras para que surdas e surdos sinalizados (aqueles que sinalizam e têm, como primeira língua, a Libras) consigam acessar e entender seu conteúdo.
Use um player (programa de reprodução de áudio) que seja acessível
Para isso, ele precisa de:
- Controles (botão de volume, reproduzir, voltar etc) que podem ser acessados por meio do teclado.
- Controles identificados claramente e com texto alternativo, permitindo a leitura do leitor de telas.
- Opções de reprodução disponíveis para leitores de tela e outras tecnologias assistivas para todos e com controles ajustáveis conforme necessário (abaixar ou aumentar o volume por controle de voz, por exemplo).
Disponibilize a transcrição do áudio
Escrever tudo o que é falado no áudio é, indiscutivelmente, o recurso mais importante para acessibilizar esse material. Assim, as pessoas com deficiência auditiva que são oralizadas (compreendem a língua portuguesa) podem ler o que está no podcast. Já surdas e surdos sinalizados têm a oportunidade de traduzir aquele conteúdo por meio dos avatares de Libras.
Confira dicas para fazer a transcrição:
- É necessário descrever mais do que as partes faladas, incluindo ruídos de fundo, efeitos sonoros, vinhetas e intencionalidades da fala como uma gargalhada, uma voz trêmula de emoção ou uma ironia.
- Não confie nas transcrições geradas automaticamente, porque elas, normalmente, são imprecisas. Então, se você usar esse recurso, é importante editar depois para corrigir possíveis erros.
- Use o script, o roteiro do podcast para te ajudar nessa transcrição, já que ele é a ideia inicial de como esse conteúdo deve ficar. Depois, faça só os ajustes necessários.
Ofereça métodos alternativos de acesso
- É muito comum que os podcasts tenham opção de baixar o conteúdo para que a pessoa possa ouvir esse material depois, da forma e no programa que funcione melhor para ela.
- Se você for disponibilizar seu áudio em alguma plataforma de vídeo, como o YouTube, não esqueça de incluir as legendas. Lembrando mais uma vez que não dá para confiar na transcrição automática. É preciso corrigir esse material para conferir que está tudo certinho.
- Podcasts em vídeo ainda permitem outro recurso muito legal: a inclusão de um intérprete de Libras.