É possível saber quantas pessoas acessaram um site usando leitor de telas?


Foto de duas mulheres em frente a um notebook. Uma delas é cega e está com suas mãos apoiadas no teclado como se estivesse digitando.

Esta é uma das perguntas mais comuns feitas para a equipe do Movimento Web para Todos durante os treinamentos de acessibilidade digital. Ela geralmente vem acompanhada do seguinte comentário: “preciso deste indicador para saber o quanto de esforço, investimento e velocidade vou colocar na adequação do meu site”.

A resposta direta a essa pergunta é “não”. Os programas de leitores de tela, como NVDA e JAWS, não possuem “user agent strings” (ou strings de agente de usuário, em português) e não são rastreáveis com ferramentas de análise convencionais, como Google Analytics.

Strings de agente de usuário” são cadeias de texto enviadas por um navegador web ao servidor de um site que ele está acessando. Essas strings fornecem informações sobre o navegador e o sistema operacional da pessoa que está fazendo a navegação no site. Por exemplo, uma “string de agente de usuário” típica pode incluir detalhes como o nome e a versão do navegador, o sistema operacional, e outras informações que ajudam os servidores a identificar o ambiente em que o navegador está operando.

Essas informações podem ser usadas por sites para ajustar a experiência de navegação de acordo com o navegador e dispositivo da pessoa usuária, como para garantir compatibilidade ou adaptar o layout da página. No entanto, “strings de agente de usuário” não incluem informações sobre tecnologias assistivas como leitores de tela, pois isso poderia configurar como violação de privacidade.

Desta forma, leitores de tela funcionam “sobre” os navegadores, recebendo dados diretamente destes, sem enviar informações sobre a pessoa ao servidor do site. 

Métodos alternativos para identificar pessoas com deficiências que visitam um site, como desabilitar imagens via Javascript ou detectar navegação por teclado, são limitados e imprecisos. Além disso, focar apenas em quem utiliza leitores de tela pode negligenciar pessoas com outras deficiências, como auditivas, motoras ou neurocognitivas.

Deficiências nem sempre alteram o comportamento de navegação de maneiras previsíveis. Pessoas com baixa visão, por exemplo, podem usar leitores de tela, ampliadores de tela ou o navegador padrão com teclado e mouse. 

O objetivo de investir numa aplicação digital acessível deve ser sempre criar uma experiência boa e inclusiva para todas as pessoas. Por isso, antes de buscar resposta para a pergunta do título deste texto a recomendação é entender o real motivo que leva alguém a querer criar um site, aplicativo e/ou similares acessíveis. Assim, fica mais fácil decidir pela melhor estratégia e definir o impacto que quer gerar dentro e fora da organização, os riscos e oportunidades, a verba que terá que destinar ao projeto, o nível de esforço necessário, entre outros aspectos. Importante frisar que acessibilidade digital é direito garantido por lei no Brasil.


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