Repensar a identidade de marca também pode ser um ato de transformação social


Foto de quatro pessoas da equipe do Estúdio QUE na sala de criação. Estão ao redor de uma mesa com tintas, canetinhas e papéis com muitas formas coloridas.
Equipe do Estúdio QUE em pleno processo de criação da nova identidade de marca da Espiral Interativa | Foto: arquivo pessoal

Vivemos um momento em que marcas são reconhecidas pelo que vendem, mas principalmente pelo o que representam. A identidade de uma organização tem o poder de comunicar valores, compromissos e posicionamentos. Ou seja, está muito além da estética.

Por isso, quando uma empresa decide renovar sua marca, ela tem nas mãos uma oportunidade poderosa: alinhar imagem e propósito, atender às novas demandas da sociedade e, por que não, inovar a partir da diversidade.

Nos últimos anos, temos visto uma pressão crescente para que organizações se comprometam com pautas sociais reais, adotem práticas mais inclusivas e incorporem o ESG de forma concreta, não apenas no discurso, mas no fazer. ESG é a sigla usada para se referir a critérios ambientais, sociais e de governança que orientam empresas comprometidas com responsabilidade e sustentabilidade.

Neste contexto, a acessibilidade digital deixa de ser um item técnico da lista de “obrigações” e passa a ocupar o lugar que merece: o de elemento estratégico e criativo no desenvolvimento de produtos, serviços e marcas.

Mas e se, ao renovar sua marca, sua organização também decidisse incluir pessoas com deficiência em todo o processo criativo? E se, além de garantir acessibilidade no produto final, você abrisse espaço para que outras perspectivas participassem da concepção desde o início?

Foi exatamente isso que fez a Espiral Interativa ao anunciar sua nova identidade visual. A Espiral é uma agência especializada em comunicação inclusiva e acessibilidade digital, além de ser a principal mantenedora do Web para Todos.

Uma nova marca feita por quem vive a diversidade todos os dias

Em parceria com o Estúdio QUE, a Espiral escolheu um caminho pouco comum (e altamente inspirador), convidando uma equipe de criação formada por pessoas com deficiência intelectual para cocriar sua nova marca. 

O resultado? Uma identidade sensorial, original, feita a mão com colagens, tintas, canetinhas e nada de ferramentas de inteligência artificial. Expressão autêntica de um olhar plural que sempre guiou a atuação da agência.

O processo todo foi pensado como um espaço de escuta e cocriação. Dinâmicas conduzidas com sensibilidade permitiram que cada pessoa envolvida deixasse sua marca no projeto, e a acessibilidade foi considerada desde o início.

“O resultado ficou incrível! Nos apaixonamos de imediato por tudo que foi proposto. No final, foram necessários pouquíssimos ajustes em termos de acessibilidade, provando que podemos sim pensar fora da caixa, inovando em conceitos visuais e, ao mesmo tempo, atender às melhores práticas de inclusão no digital”, conta Gigi Villari, gestora de projetos da Espiral que liderou o processo de rebrand da agência.

Essa escuta ativa também foi sentida pelo time parceiro. Para Lu Laloni, fundadora do Estúdio QUE, a colaboração foi natural. “Trabalhar junto com a Espiral é sempre tão enriquecedor e complementar que não tinha como a criação dessa identidade não ter esse resultado único.”

Muito além do visual

A renovação da marca foi também uma oportunidade de troca. Embora o Estúdio QUE já trabalhasse com diversidade criativa, ainda não havia passado por uma formação em acessibilidade digital. A Espiral, então, compartilhou seu conhecimento com o time parceiro, promovendo um aprendizado mútuo e ampliando o repertório de todas as pessoas envolvidas.

“Esse tipo de colaboração mostra como é possível gerar impacto real em cada etapa do processo criativo e como incluir diferentes perspectivas enriquece o resultado final”, conta Simone Freire, fundadora da Espiral e idealizadora do Movimento.

Acessibilidade como diferencial estratégico

Com uma equipe majoritariamente feminina e uma trajetória reconhecida junto a grandes marcas como Natura, Unilever, Electrolux e diversas fundações de impacto social, a Espiral consolida, com essa nova fase, seu papel de liderança na promoção da acessibilidade digital no Brasil.

A agência quer inspirar um novo jeito de pensar comunicação, trazendo o aspecto da inclusão como um requisito técnico fundamental em todos projetos digitais e como parte da essência de qualquer marca.

Se sua empresa está pensando em renovar sua marca, talvez seja a hora de se perguntar: 

  • Quem está participando desse processo? 
  • Que histórias estamos (ou deixamos de) contar com a nossa identidade? 
  • Como podemos transformar cada etapa em uma oportunidade de inovação, inclusão e conexão real com a sociedade?

“Essa reflexão é um dos maiores legados que tivemos com este nosso processo de renovação de marca e queremos deixar público para inspirar o mercado”, finaliza Simone.


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