99% dos sites do Brasil apresentam barreiras de navegação para pessoas com deficiência

Movimento Web para Todos e BigData Corp visitaram 14 milhões de endereços ativos da internet brasileira para avaliar o seu nível de acessibilidade



Foto de uma pessoa digitando em um laptop. A tela mostra diversos códigos.
Tela de um computador. Foto: Pixabay.

Em uma ação conjunta com a BigData Corp, o Movimento Web para Todos avaliou qual seria a experiência de navegação na web das pessoas com deficiência no País. E descobriu que, dos 14 milhões de sites brasileiros ativos, menos de 1% passou nos testes de acessibilidade. No caso dos sites governamentais, esse percentual cai para 0,34%. A maioria dos endereços on-line do País, ou 93,79%, encontra-se em uma zona cinzenta: apresentou falha em algum dos testes realizados, mas pontuou positivamente em outros.

Foram realizados testes em vários elementos das páginas web para verificar algumas das barreiras de navegação que as pessoas com deficiência enfrentam. Por fim, foram contempladas, ainda, questões técnicas, como problemas nos formulários, links, imagens apresentadas e nos frames, como vídeos de canais do YouTube em páginas. Entre as validações realizadas, foram adotadas as aplicadas pelo validador de markup (HTML) automático criado pelo World Wide Web Consortium (W3C), entidade referência de padrões a serem seguidos na web. Este estudo também contou com o apoio técnico do Ceweb.br, Centro de Estudos sobre Tecnologias Web do NIC.br, que tem entre suas atribuições disseminar conhecimento sobre acessibilidade na web.

“Esse resultado reflete o ciclo de invisibilidade de décadas de uma população estimada em 45 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência – e que não se sustenta mais. Essas pessoas querem e têm o direito – como qualquer outro cidadão – de se informar, se relacionar, se divertir e comprar online. Temos diversas leis a nosso favor, como a LBI, que em seu artigo 63 obriga organizações com representação no País a terem suas páginas web acessíveis para as pessoas com deficiência”, reforça Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.

Ela acrescenta que, para as empresas, além da adequação jurídica, tornar acessível o seu site é excelente para os negócios, pois elas passam a ter a chance de interagir com um público consumidor não impactado pelas suas marcas no mundo digital.

Acessibilidade e tecnologia

“Existe um impacto direto da tecnologia sobre a acessibilidade. À primeira vista, pode parecer um grande desafio vencer esta corrida, principalmente porque os sites são muito visuais. No entanto, é preciso desmistificar a acessibilidade. Existem ferramentas de desenvolvimento para permitir a qualquer site ser mais acessível”, afirma Thoran Rodrigues, presidente e fundador da BigData Corp, responsável pela realização do levantamento.

Segundo Rodrigues, é preciso saber interpretar tecnicamente porque, por exemplo, 52,38% apresentaram problemas de formulários, ou 83,56%, falhas nos links. “Não é porque um site falhou em um teste específico que uma pessoa com deficiência não possa usá-lo. Mas a sua experiência de navegação deixará a desejar”, pondera Rodrigues. Preocupante, mesmo, são os 5,6% dos sites ativos que falharam em todos os testes aos quais foram submetidos.

Para Rodrigues, conforme o porte do site em questão, principalmente os mais complexos, o nível de esforço para atender a todos os requisitos previstos nos testes poderá indicar que talvez seja mais vantajoso construir outro, em separado, do que adaptá-lo em todos os quesitos. “Cada organização deverá avaliar em quais aspectos está falhando e como poderá fazer para superar esse desafio”, argumenta. O empresário informa que há disponível na internet inúmeras ferramentas de desenvolvimento que facilitam a construção de sites 100% aderentes aos padrões internacionais de acessibilidade.

Metodologia

A BigData Corp utilizou o processo de captura de dados da internet extraídos de visitas a mais 24 milhões de sites brasileiros, dos quais são obtidos informações estruturadas e seus links. Foram desconsiderados os sites inativos, ou seja, os que estavam fora do ar ou que não responderam a visitas por 4 semanas seguidas. Também foram desprezados os que, por oito semanas consecutivas, não fizeram qualquer alteração em seu conteúdo.

Assim, foram considerados neste estudo cerca de 14 milhões de sites. A metodologia detalhada está disponível no site do Movimento Web para Todos.

Dicas para uma web acessível 

Guia completo para criação de um site acessível:
Como fazer um site acessível: planejamento e conteúdo
Como fazer um site acessível: design
Como fazer um site acessível: programação
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