5 maneiras de praticar acessibilidade digital sendo pessoa física


Foto de uma mulher segurando um smartphone montado em um tripé. Ela parece tirar uma selfie ou gravar um vídeo. Na tela do celular, vemos essa mesma pessoa sentada em uma cama, com um laptop sobre suas pernas. Ela sorri enquanto olha para a câmera.

Você sabia que acessibilidade digital não é responsabilidade só das empresas e profissionais da tecnologia? Ela começa nas pequenas atitudes do dia a dia e qualquer pessoa pode (e deve!) fazer sua parte para construir uma internet mais inclusiva.

Quando pensamos em acessibilidade, falamos sobre garantir que todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, possam navegar, interagir, consumir conteúdos e acessar informações de forma autônoma e sem barreiras.

Quando você se preocupa com acessibilidade, na verdade, está ajudando a construir uma web mais justa, empática e acolhedora para todo mundo. Cada pequena ação conta. E, somadas, elas fazem uma enorme diferença no mundo digital.

Se você está se perguntando “Mas… como eu, enquanto pessoa física, posso contribuir com isso?”, continue lendo este texto porque selecionamos 5 maneiras bem práticas e simples para começar agora. Todas elas estão alinhadas às boas práticas e critérios do WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que é a principal referência quando o assunto é acessibilidade digital.

1. Legende seus vídeos e ative legendas automáticas

Seja nos stories, nos reels, nos vídeos do TikTok ou nas suas publicações no YouTube, lembre-se de incluir legendas. Isso ajuda pessoas surdas e, também, quem está em ambientes sem áudio, tem dificuldades de compreensão auditiva ou não é fluente no idioma falado no vídeo. Se não puder legendar manualmente, ative as legendas automáticas sempre que possível.

Dicas práticas para legendar seus vídeos:

  • Prefira legendas sincronizadas, que são aquelas que acompanham o áudio.
  • Quando possível, inclua também descrições de sons relevantes (ou legenda descritiva), como [música animada], [risos] ou [aplausos].
  • Ferramentas como Instagram, TikTok, YouTube e LinkedIn já oferecem geradores automáticos de legendas. Revise sempre que puder, pois eles podem cometer erros.
  • Para vídeos mais elaborados, use softwares como CapCut, VEED, Clipchamp ou o próprio YouTube Studio, que facilitam a legenda manual.

2. Descreva imagens quando fizer posts nas redes sociais

Você pode inserir uma descrição no campo de texto alternativo (alt text) ou mesmo no próprio texto da legenda ao postar uma foto. Isso permite que pessoas com deficiência visual entendam o que está sendo compartilhado, já que podem ler este texto descritivo por meio do leitor de tela que estarão usando.

A descrição das imagens é útil também a pessoas com baixa visão e daltônicas, que precisam deste recurso para compreenderem as cores e detalhes importantes da foto e que não podem ser percebidas por elas.

Dicas práticas de como descrever suas imagens:

  • Escreva a descrição no campo de texto alternativo, disponível no Instagram, Facebook, LinkedIn, X (ex-Twitter) e outros. Nos perfis do Movimento Web para Todos nas redes sociais, nós gostamos de publicar também uma descrição mais completa no final da legenda, pois isso beneficia também pessoas daltônicas, com baixa visão, entre outras.
  • A descrição deve ser objetiva, focando nas informações relevantes da imagem. Evite redundâncias. Por exemplo, não precisa começar com “A imagem mostra…”, pois os leitores de tela já informam que é uma imagem. Você pode aprender mais detalhes sobre como descrever imagens neste link.

3. Use textos simples, claros e objetivos

Jargões, termos muito técnicos ou frases rebuscadas podem dificultar o entendimento. Já os textos mais diretos, organizados e claros facilitam a comunicação para todo mundo, inclusive para pessoas com deficiência intelectual, cognitiva neurodivergentes e que estão aprendendo o idioma.

Dicas práticas para tornar textos acessíveis:

  • Use linguagem inclusiva e acessível, pensando sempre em incluir pessoas diversas.
  • Prefira frases curtas e diretas (sujeito + verbo + complemento).
  • Organize as informações em tópicos ou listas.
  • Escreva parágrafos curtos e dê espaço entre eles.
  • Evite abreviações ou termos técnicos. Se precisar usá-los, inclua uma breve explicação na sequência.

4. Atenção ao uso de emojis

Sabia que leitores de tela leem os emojis em voz alta, descrevendo cada um? Então, quando você usa muitos emojis pode gerar uma experiência confusa e cansativa para quem usa tecnologia assistiva. Use com moderação e, de preferência, após o texto principal.

Ah! E nunca substitua uma palavra por um emoji por dois motivos. O primeiro é que nem sempre a descrição do emoji significa exatamente a palavra que você usou (por exemplo: usar este emoji ♻️, que está descrito como “símbolo de reciclagem” para substituir a palavra “sustentabilidade”).

O segundo motivo é que nem sempre o emoji é percebido da mesma forma por todas as pessoas e isso pode gerar confusão, especialmente quando se tratar de ironia.

5. Adote contraste e legibilidade nas artes

Se você cria seus próprios posts para redes sociais, especialmente usando ferramentas como o Canva, prestar atenção no contraste e na legibilidade do texto é essencial para tornar seu conteúdo mais acessível para todas as pessoas, inclusive quem tem baixa visão, daltonismo ou deficiência cognitiva.

Lembre-se: quanto maior a diferença entre a cor da letra e a cor do fundo, mais fácil é de ler. 

Dicas práticas para tornar as imagens de seus posts mais acessíveis:

  • Prefira texto escuro (como preto, azul marinho ou roxo escuro) sobre fundo claro (como branco, bege).
  • Se quiser usar texto branco, faça o inverso e escolha fundo escuro.
  • Use fontes simples, sem firulas, com tamanho mínimo de 16px (idealmente 18px ou mais).
  • Evite usar tudo em letras maiúsculas.
  • Evite usar cinza claro sobre branco; amarelo sobre bege; rosa claro sobre cinza, entre outros tons que sigam esta linha.
  • Evite ao máximo usar letras sobre imagens com muitas cores (a menos que você aplique uma tarja ou sombra escura onde estiver o texto).
  • No Canva, clique na cor do texto ou do fundo, vá até o campo onde estão as cores e coloque o mouse em cima da que você quer utilizar. Copie o código da cor (começa com #, exemplo: #FFCC00).
  • Depois, cole esse código em ferramentas online como Contrast Checker, do WebAim, ou na Calculadora de Contraste da UFRGS. Se o contraste for aprovado pela ferramenta, siga em frente. Caso contrário, ajuste até chegar no ideal.
  • Você também pode mostrar a imagem para uma pessoa mais velha ou alguém com baixa visão. Se ela lhe disser que consegue ler sem esforço, é um bom sinal de que você optou pela combinação de cores correta.

Lembrando: acessibilidade digital é um direito que as pessoas com deficiência têm garantido por lei. E, quando você adota práticas acessíveis, mesmo que seja em seus posts pessoais, está tornando a web um espaço mais democrático, inclusivo e acolhedor para milhões de pessoas que, muitas vezes, enfrentam barreiras digitais.

Você não precisa ser especialista para começar. As suas legendas, descrições, escolhas de cores e textos claros já fazem uma enorme diferença.


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