Conheça as principais barreiras de acessibilidade em ferramentas de reuniões virtuais

Estudo inédito do Ceweb.br avaliou o Google Meet, Zoom, Microsoft Teams, Jitsi, WebEx e BigBlueButton


Foto de um homem grisalho, sentado em uma cadeira de rodas, com traje executivo. Acomodado em uma mesa de trabalho, ele tem as mãos sobre o teclado e olha para o monitor à sua frente, que exibe quatro pessoas em uma reunião virtual.
Foto: banco de imagem Istock

Um dos recursos que se popularizaram neste período de pandemia foram as videoconferências. Muita gente passou a usá-las para reuniões de trabalho, de família ou com os amigos, para continuar seus estudos, acompanhar palestras ao vivo, etc. 

Mas será que as plataformas de reuniões virtuais são amigáveis para quem tem algum tipo de deficiência? Foi essa inquietação que motivou o Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) – que são dois parceiros estratégicos nossos – a avaliar algumas das ferramentas web mais usadas para essa finalidade, identificando suas principais barreiras de acesso. 

Foram analisados pontos como a apropriação de tecnologias para reuniões on-line por pessoas com deficiência visual e auditiva e, usando critérios de acessibilidade universalmente aceitos, foram identificados problemas na interação e interface que podem comprometer a utilização da ferramenta.

Um dos objetivos do estudo é conscientizar e alertar as empresas que desenvolvem ferramentas de videoconferência para a detecção e correção de eventuais barreiras de acesso. Além disso, os resultados ajudam os usuários a conhecer melhor as plataformas e seus recursos, para garantir a plena participação de pessoas com deficiência em reuniões virtuais.

O estudo

A pesquisa contou com 64 respostas de 32 voluntários, que foram divididos em três perfis: usuários sem deficiência que navegaram apenas por teclado (sem o uso de mouse ou trackpad), simulando deficiência motora; usuários com deficiência visual que deveriam navegar com software leitor de tela habilitado e por teclado, mas sem utilização de referências visuais, e usuários surdos ou com baixa audição que operariam a plataforma com o áudio do computador desativado.

Foram realizadas reuniões com os três grupos, em todas as ferramentas analisadas (Google Meet, Zoom, Microsoft Teams, Jitsi, WebEx e BigBlueButton). Cada voluntário recebeu uma lista de tarefas básicas que deveria fazer em uma das plataformas sorteadas. Entre as ações estavam: entrar e sair de uma reunião; habilitar e desabilitar câmera e microfone; enviar mensagem por chat e compartilhar tela. Na sequência, todos responderam a um questionário relatando a experiência.

Confira algumas das principais conclusões da pesquisa

• Usuários conseguem acessar uma reunião, mas têm dificuldades em compreender e interagir, quando os organizadores da reunião não oferecem acessibilidade (por exemplo quando não descrevem uma imagem ou quando um vídeo não tem legendas).

• Ferramentas com as quais os usuários têm pouca familiaridade e uso podem ser difíceis de operar devido ao desconhecimento de teclas de atalho, essenciais para a navegação por teclado e por usuários de leitores de tela. Nem todas exibem ao usuário (por áudio ou texto) os atalhos de teclado.

• A interface das plataformas apresenta padrões distintos que, muitas vezes, confundem os usuários. Botões mal posicionados podem dificultar a navegação.

• Apesar de serem essenciais para a compreensão do conteúdo em áudio por pessoas com deficiência auditiva, as legendas ainda funcionam de forma precária. As poucas ferramentas que disponibilizam esse recurso o fazem somente em inglês ou de forma que os usuários não conseguem ou têm dificuldade de configurá-lo.

• Algumas aplicações têm inconsistências em traduções para o português, exibindo rótulos de botões confusos.

• A maioria dos voluntários utilizou a plataforma Web das ferramentas, mesmo que algumas delas ofereçam aplicativos para computadores.

• Foram detectados problemas na interface das aplicações que dificultaram a participação de alguns grupos. Essas barreiras podem ser separadas em duas categorias:

a) Acessibilidade da plataforma: incapacidade de acionar links, botões ou mesmo interagir por chat foram algumas das dificuldades reportadas. Pessoas que navegaram somente por teclado encontraram poucas barreiras para interagirem nas ferramentas e aquelas que precisaram navegar com leitor de tela, por sua vez, encontraram barreiras de interação acima da média.

b) Acessibilidade da reunião: sem a intervenção do apresentador para garantir a acessibilidade ao conteúdo, pessoas com deficiência visual e auditiva podem ter problemas na participação e compreensão do que é discutido na reunião. Os resultados mostraram que a compreensão do que acontece em uma reunião é o resultado mais difícil de se alcançar durante a participação de pessoas com deficiência em reuniões on-line. As pessoas com limitações visuais são as que mais encontraram barreiras de compreensão, e aquelas que navegaram sem áudio já encontraram menos dificuldades.

Um detalhe curioso é que o estudo registrou um número razoavelmente grande de pessoas que não conseguiram participar de chats, mostrando que maioria é capaz de usar as ferramentas, executando as principais funções, mas, dependendo da deficiência, encontram algumas limitações para compreender o conteúdo da reunião, quando ele não é apresentado de forma acessível.

Acesse o estudo na íntegra em: https://www.ceweb.br/publicacao/estudo-acessibilidade-ferramentas-videoconferencia/

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