Como será a acessibilidade digital em 2020?


Pessoa com as mãos em um laptop. A tela do equipamento mostra uma foto de um campo verde com o número 2020 ao centro. Acima do número há uma seta direcionada para o lado direito da tela.
Laptop. Foto: Pixabay.

Olhar e analisar balanços e tendências são ações importantes para planejar e estabelecer metas. Por isso, preparamos este resumão de 2019 e as tendências de 2020 sobre a acessibilidade digital com base em materiais que selecionamos do portal Bureau of Internet Accessibility

Em 2019, o tema da acessibilidade digital contou com diversos avanços: mais alcance, mais engajamento, mais conscientização e também mais empresas e ações que promoveram o tema. Agora, em 2020, especialistas afirmam que a tendência é que o alcance seja ainda maior. 

Nós, do Movimento Web para Todos, acreditamos que, para que isso aconteça, mais empresas e profissionais precisam ser conscientizados para transformar suas plataformas. O nosso trabalho em 2019 foi bastante focado nessa parte e irá ser ainda mais fortalecido neste ano. 

Abaixo, confira um pouco dos avanços que tivemos e as tendências de 2020. 

BALANÇO DE 2019

Os processos se tornaram populares

O aumento nos processos judiciais de acessibilidade digital nos últimos anos é algo que as pessoas do setor e certamente aquelas que foram processadas ​estão bem cientes. Em 2019, os processos judiciais de acessibilidade chamaram a atenção do público mais do que nunca.

Dois deles estiveram em evidência no ano que se encerrou. A empresa da cantora Beyoncé, a Parkwood Entertainment, foi processada por alegações de que seu site oficial não era acessível e, portanto, violava a ADA, a Lei Americana de Acessibilidade. 

Ainda no ano passado, a Domino’s, gigante do fast-food de pizzas, teve sua marca envolvida em uma crise de reputação global. Isso porque, após tentar em todas as instâncias defender sua posição de que a empresa não era obrigada a acessibilizar o seu site para a navegação de pessoas com deficiência visual, teve sua defesa negada.

Tecnologia assistiva: previsão de crescer cava vez mais

A previsão é de que o mercado global de tecnologia assistiva cresça rapidamente nos próximos anos, atingindo US$ 31 bilhões até 2024.

A Organização Mundial da Saúde estima que até 2030, 2 bilhões de pessoas precisarão acessar pelo menos uma tecnologia assistiva para exercer sua cidadania. Atualmente, apenas 10% das pessoas com deficiência têm acesso à tecnologia de que precisam, segundo a própria OMS.

Acessibilidade chega de vez no mundo dos games

Quando a gente fala de acessibilidade, dificilmente vem à cabeça o videogame como uma ferramenta de inclusão, não é?

Mas a verdade é que eles têm contribuído cada vez mais para a vida das pessoas com algum tipo de deficiência – sejam elas adultas ou crianças.

E muitas marcas já estão acompanhando essa oportunidade de mercado, considerando em seus consoles, acessórios e nos próprios jogos, o usuário com deficiência como jogadores e consumidores de seus produtos.

Como a Microsoft, que lançou jogos de computador que usam rastreamento ocular para permitir que mais pessoas, como algumas com deficiências de mobilidade, controlem o computador apenas com os olhos. E, no ano passado, veiculou na mídia mais cara dos Estados Unidos – o Super Bowl – um filme inspirador mostrando como crianças com deficiência recuperam sua autoestima e o prazer de brincar por meio do videogame adaptado.

A empresa de Bill Gates também anunciou o Xbox Accessibility Guidelines, “um conjunto de práticas que foram desenvolvidas em parceria com especialistas do setor e membros da comunidade de jogos e pessoas com deficiência”, para que mais jogadores possam jogar.

EXPECTATIVAS E TENDÊNCIAS PARA 2020 

Aqui no Brasil, não é diferente. O tema está ganhando cada vez mais espaço na mídia. Especialistas têm apontado que a acessibilidade digital estará bastante em alta neste ano. O marketing de causas também.

Durante o webinar Análise de Tendências para o Mercado digital 2020, Edney Souza (Interney) e Rafael Kiso (Fundador e CMO da mLabs), considerados dois dos maiores especialistas em marketing digital do País, afirmaram: “Novidade dentre as metodologias avaliadas, a acessibilidade digital se destaca como a maior tendência de investimento para 2020, acompanhando o movimento de inclusão crescente em todo o mundo.”

“A maioria das plataformas não está acessível. É um desafio global. Vale a pena você apostar muito dinheiro em acessibilidade devido ao mercado”, Rafael disse. Segundo Edney, há “empresas gigantescas trabalhando para tornar o site acessível pensando no mercado. Virou a corrida do ouro. A acessibilidade tem um potencial de aumentar o retorno da estratégia digital de uma forma absurda”. 

Em relação ao marketing de causas, Edney disse que a melhor forma de chegar no lucro é por meio de um propósito. “As causas precisam estar permeadas em todos os níveis da organização. Você precisa trabalhar isso internamente e estar alinhado ao propósito da sua marca”, afirmou. 

Rafael acredita também na palavra propósito. “Quando a empresa tem um propósito genuíno e que todo mundo abraça, isso consequentemente traz dinheiro também. Se você tiver um propósito bacana, principalmente para fazer um bem maior, uma dor maior do mercado, por que não ganhar dinheiro com isso? O propósito vai diferenciar as empresas e a escolha do consumidor”, contou.  

Inteligência artificial

Na medida em que as tecnologias digitais se tornam uma parte cada vez maior de nossas vidas, é mais importante do que nunca entender como elas se cruzam com a acessibilidade. De acordo com o Bureau of Internet Accessibility, uma das grandes promessas para 2020 é a Inteligência Artificial (IA).

O aplicativo Seeing AI, da Microsoft, por exemplo, usa a câmera do smartphone para analisar o ambiente do usuário com técnicas de visão computacional. Pessoas cegas ou com baixa visão podem usar o Seeing AI para converter texto em fala robótica, digitalizar códigos de barras de produtos, reconhecer pessoas próximas, aprender sobre os objetos em uma sala, entre outras funções.

Outro exemplo de tecnologia baseada em IA é o Ava, um aplicativo que processa a voz capturada pelo smartphone e converte, em tempo real, em legendas – essencial para a comunicação de pessoas com deficiência auditiva, um público que, só no Brasil, é estimado em 10 milhões de brasileiros!

Técnicas em IA e visão computacional também podem melhorar a acessibilidade para pessoas com deficiências físicas. Em 2019, por exemplo, a Hoobox Robotics lançou o kit de protótipo “Wheelie 7”, que permite controlar uma cadeira de rodas elétrica com base apenas nas expressões faciais do usuário, ajudando pessoas com diversos tipos de deficiência. Incrível, né?

*Nota produzida com informações traduzidas do site Bureau of Internet Accessibility nos textos: DIGITAL ACCESSIBILITY YEAR IN REVIEW: 2019 e WHY ACCESSIBILITY IS A CRITICAL PIECE OF TECH TRENDS FOR 2020. E também com material do webinar Análise de Tendências para o Mercado digital 2020.

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