4 passos para descrever gráficos

Tipo de gráfico, tipo de dado e propósito são os elementos fundamentais para descrever gráficos. Colocar link para os dados brutos também é importante


Foto de um homem sentado com as pernas cruzadas. Ele segura um tablet que mostra diversos gráficos coloridos na tela. Uma das mãos segura o aparelho enquanto a outra segura uma caneta touch. Ele usa uma roupa social e meias coloridas.
Muitas pessoas têm dúvidas na hora de descrever gráficos. Foto: Pixabay.

Por Vinícius Cassio Barqueiro*

Mesmo quem já tem experiência em descrever imagens pode ter dúvidas na hora de descrever gráficos. Muitas vezes há tanta informação em um gráfico que fica difícil representar tudo em um texto sucinto. Alguns sugerem destacar a informação principal do gráfico em determinado contexto, enquanto outros preferem liberar um link para os dados brutos.

Para ajudar nesta questão, a designer Amy Cesal sugere um modelo com quatro elementos para descrever gráficos.

Confira como aplicar o modelo com base neste gráfico do IBGE Educa:

Gráfico de barras de porcentagem da população brasileira em 2010, por tipo e grau de dificuldade e deficiência que mostra que 18,76% da população tem deficiência visual; 6,96% tem deficiência motora, 5,09 % tem deficiência auditiva e 1,37% tem deficiência intelectual.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010

Descrição do gráfico: “Gráfico de barras de porcentagem da população brasileira em 2010, por tipo e grau de dificuldade e deficiência que mostra que 18,76% da população tem deficiência visual; 6,96% tem deficiência motora, 5,09 % tem deficiência auditiva e 1,37% tem deficiência intelectual.”

1. Tipo de gráfico

É um gráfico de barras? De colunas? De pizza? Informe para o público qual o tipo de gráfico em questão.

Exemplo: Gráfico de barras

2. Tipo de dado

Qual tipo de dado é apresentado no gráfico? As legendas dos eixos x e y podem ajudar você a descrever isso.

Exemplo: porcentagem da população brasileira em 2010, por tipo e grau de dificuldade e deficiência

3. Propósito do gráfico

Qual o propósito do gráfico no contexto em que está inserido? Assim como uma mesma imagem pode ter diferentes objetivos, o mesmo gráfico também pode ter finalidades diversas.

Se o gráfico aparecesse em uma matéria cujo tema é deficiência visual, você poderia destacar estas informações:

  • 18,76% têm algum grau de deficiência visual:  0,27% não consegue de modo algum, 3,18% têm grande dificuldade, 15,31% têm alguma dificuldade.

Se a ideia é comparar os tipos de deficiência, poderia ser:

  • 18,76% da população tem deficiência visual; 6,96% têm deficiência motora, 5,09 % têm deficiência auditiva e 1,37% tem deficiência intelectual.

Agora, se o propósito é mostrar todos os dados, você poderia descrevê-lo na íntegra, como fez o site do IBGE Educa:

  • 0,27% tem deficiência visual severa, não consegue de modo algum, 3,18% têm grande dificuldade, 15,31% têm alguma dificuldade; Motora: 0,39% não consegue de modo algum, 1,94% tem grande dificuldade, 4,63% têm alguma dificuldade; Auditiva: 0,18% não consegue de modo algum, 0,94% tem grande dificuldade, 3,97% têm alguma dificuldade; Mental: 1,37% possui.

4. Link para os dados na íntegra

Não inclua link na descrição da imagem. Você pode inserir essa informação em algum lugar no texto. Pessoas deveriam poder clicar em um link para ver os dados e se aprofundar neles. Isso provê transparência e permite às pessoas explorar os dados.

No exemplo em questão, poderia ter um link para esta tabela:

Tipo de deficiênciaGrau de deficiênciaPorcentagem da população do Brasil em 2010
VisualNão consegue de modo algum0,27%
VisualGrande dificuldade3,18%
VisualAlguma dificuldade15,31%
MotoraNão consegue de modo algum0,39%
MotoraGrande dificuldade1,94%
MotoraAlguma dificuldade4,63%
AuditivaNão consegue de modo algum0,18%
AuditivaGrande dificuldade0,94%
AuditivaAlguma dificuldade3,97%
Mental/intelectualPossui1,37%

(Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010)

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*Vinícius Barqueiro trabalha no Centro de Desenvolvimento de Ensino e Aprendizagem do Insper, onde também atua como coordenador da Comissão de Acessibilidade. Entusiasta e estudante de linguagem simples, design da informação e visualização de dados.

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