O Movimento Web para Todos completou três anos de intensa mobilização no dia 20 de setembro deste ano. Tínhamos planejado fazer algumas comemorações presenciais ao longo de 2020. Mas, por conta do isolamento social em decorrência da pandemia do coronavírus, tivemos que adaptar toda nossa rotina para o mundo virtual, assim como todo mundo.
Muita gente viu na prática o que significa uma barreira de acesso no ambiente digital e sentiu na pele a exclusão que milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência enfrentam diariamente. Comércio de rua fechado e todas as compras sendo canalizadas para lojas virtuais sem nenhum tipo de acessibilidade. Falta de legenda nas plataformas utilizadas para reuniões online e ensino a distância. Sites de notícias, ainda mais relevantes neste ano, com conteúdos de difícil compreensão e acesso por milhares de pessoas cegas, surdas, de baixo letramento etc.
Esses são só alguns exemplos de como essa pandemia sem precedentes evidenciou ainda mais os problemas de acesso a sites e aplicativos essenciais para realizarmos nosso trabalho, estudarmos, nos informarmos, nos divertirmos, comprarmos e muito mais. E nós, do Movimento Web para Todos, ampliamos ainda mais nosso campo de atuação na promoção da cultura de acessibilidade digital com o objetivo de ajudar as corporações a adaptarem mais rapidamente seus canais digitais para a nova realidade.
Desde o começo deste ano, participamos de cerca de 40 eventos que trataram sobre o tema, o que equivale a uma média de um por semana. Foram mais de 30 reuniões com organizações de diferentes regiões e dos mais variados segmentos, como educação, saúde, e-commerce, entretenimento, tecnologia, bens de consumo, entre outros.
“Há um ditado que diz que toda crise gera uma oportunidade. E, para a causa da acessibilidade digital, a pandemia foi positiva, pois trouxe à tona o senso de urgência para eliminarmos de uma vez por todas as barreiras de acesso presentes no meio digital”, explica a idealizadora do Movimento Web para Todos Simone Freire. “Ainda há muito a ser feito, mas já consideramos um grande passo o fato de essa temática ter entrado na agenda das empresas e elas finalmente começarem a enxergar os benefícios que a inclusão digital gera para os negócios e sociedade”, complementa Simone.
Estudos inéditos
Lançamos neste ano dois estudos exclusivos em parceria com a BigDataCorp. A ideia é medirmos a evolução da acessibilidade digital na web brasileira ao longo do tempo e, principalmente, chamar a atenção das pessoas para a situação atual dramática e estimulá-las a reverter esse cenário de exclusão conosco.
Divulgamos em maio o segundo estudo que mostra a situação dos mais de 14 milhões de sites ativos do Brasil em relação às diretrizes de acessibilidade. Houve uma pequena evolução, mas ainda estamos abaixo de 1% de sites acessíveis. No final deste ano divulgaremos uma nova atualização desse levantamento.
Em setembro, foi a vez de mostrarmos a realidade dos aplicativos Android mais baixados no país e, infelizmente, é muito parecida com a dos sites. Ou seja, menos de 1% estão acessíveis para a navegação de pessoas com deficiência.
Expusemos esses dados em diversas palestras e cursos que demos ao longo deste ano para estudantes de tecnologia, profissionais de programação, design e marketing digital, produtores de conteúdo, etc. Mostramos as principais barreiras e ensinamos como eliminá-las.
Paralelamente a isso, continuamos publicando muitos materiais educativos em nosso site e redes sociais, entrevistas com especialistas, dicas e orientações para que as pessoas passem a incorporar essa cultura em todos os projetos que realizam.
Novos mobilizadores
Com base nestes nossos estudos, lançamos em maio a campanha #ImagensQueFalam, cujo objetivo é fazer com que todo mundo passe a descrever imagens nas redes sociais, sites e aplicativos.
Simone explica que foi escolhida essa barreira de acesso para ser combatida nesta campanha devido à sua facilidade e rapidez para ser solucionada, e à urgência no cenário de isolamento social. “Um dos nossos estudos mostrou que cerca de 83% dos sites ativos do Brasil apresentam falhas na descrição de suas imagens.
Estamos falando aqui de e-commerce, portais de notícias, bancos, etc. Imagine o impacto disso se pensarmos que, de uma hora para outra, milhões de pessoas cegas ou com baixa visão também tiveram que recorrer a lojas virtuais para fazerem suas compras, mas não conseguiram localizar o produto pelo simples fato de eles não estarem descritos. É desesperador pensar nisso, não é mesmo?”, questiona.
Essa campanha tem mobilizado pessoas de diversos perfis e estimulado profissionais a iniciarem sua jornada da acessibilidade por este tópico. Muitas dessas pessoas também têm se voluntariado para realizar projetos conosco e assumem o compromisso de levar nossos conteúdos educativos para suas redes. A equipe do Movimento planeja novas campanhas como essa a partir do próximo ano.
Novas parcerias e projetos
Esse terceiro ano do Web para Todos também foi marcado por projetos e parcerias importantes e com grande potencial de levar o tema da acessibilidade digital para um público amplo e ainda mais diverso.
É o caso de projetos em parceria com organizações como Facebook, Porta dos Fundos, Digital House, ETC Filmes e Hand Talk. Ao longo desse ano, já realizamos diversas atividades com eles, entre oficinas de produção de conteúdo acessível, palestras de conscientização para empreendedores, candidatos a cargos públicos, peças informativas, podcasts, pesquisas, eventos, entre outras ações.
Para chancelar o trabalho inspirador que temos realizado com o Movimento, fomos selecionados, entre mais de 3 mil projetos indicados, para a Batalha de Pitch do Menos30 Fest, um dos maiores festivais de empreendedorismo e inovação do país, promovido pela Rede Globo. Vencemos pelo voto popular como o melhor projeto da categoria Sociedade Digital, mas quem levou o prêmio da banca foi o Diáspora Black, voltado para a causa racial.
“É muito gratificante ver como temos conseguido levar a causa da acessibilidade digital para tantos ambientes novos e com pessoas que nunca tinham ouvido falar no tema. Mais gratificante ainda é ver muitas delas se sensibilizarem de fato e iniciarem o processo de transformação em seus locais de trabalho e em suas próprias redes sociais”, comemora Simone.
Se você e sua empresa também querem fazer parceria com o Movimento Web para Todos, envie um e-mail para gente que teremos o maior prazer em agendar uma reunião contigo.