Desafios de contemplar a neurodiversidade nos projetos digitais


Arte com fundo roxo e o texto em branco destacado: "Desafios de contemplar a neurodiversidade nos projetos digitais” e as fotos de Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos; Henri Fontana, technical program manager do Google EUA; e Talita Pagani, especialista em UX/UI. No rodapé, há os logos do Web para Todos e do Google.

A neurodiversidade é um conceito que reconhece e respeita as diferenças neurológicas que fazem parte da vida de muitas pessoas. Os perfis mais conhecidos são pessoas com autismo, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia (dificuldade de leitura) e discalculia (dificuldade para pensar, refletir, avaliar ou raciocinar atividades relacionadas à matemática). Mas também, há condições neurológicas, transtornos neurodegenerativos e transtornos mentais dentro da neurodiversidade.

Há uma estimativa de que o Brasil tenha 2 milhões de pessoas com autismo, porém, não há ainda dados oficiais. O censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não é preciso nesse sentido, porque classifica condições neurodivergentes como deficiência mental ou intelectual, o que, segundo especialistas, não é correto, já que muitas delas não afetam a habilidade intelectual da pessoa.

Principais barreiras das pessoas neurodiversas na web

  • Excesso de informações que sobrecarregam a parte sensorial, tiram a atenção e o foco no conteúdo.
  • Conteúdos animados, como propagandas, e vídeos que são reproduzidos automaticamente.
  • Janelas e notificações invasivas, como “O site X quer te enviar notificações”.
  • Carrosséis de conteúdo que alternam de forma automática e não permitem que a pessoa leia o conteúdo no tempo dela.
  • Telas que possuem um tempo limitado para a pessoa interagir e não informam o tempo restante (as pessoas podem precisar de mais tempo para completar um novo processo).
  • Sites que exigem que você lembre de alguma informação complexa e temporária, como um código de acesso.
  • Formulários que não ajudam a pessoa a entender o que aconteceu de errado e como corrigir o erro (isso pode levar à ansiedade).
  • Conteúdo confuso, com longas passagens de texto e com erro ortográfico.
  • Dificuldade em entender o tom da mensagem de uma comunicação, em especial marcas que usam muitos memes, se comunicam de forma mais engraçada, extrovertida, irônica ou com mensagens indiretas. 

Dicas práticas de como resolver as principais barreiras de acessibilidade digital para pessoas neurodiversas

Foco

  • Elimine distrações para ajudar a pessoa a focar a atenção na tarefa principal.
  • Evite usar muitos elementos nas páginas, para que eles não disputem pela atenção de quem navega.
  • Forneça um modo de foco ou leitura.
  • Evite conteúdos que surgem na tela de repente, como janelas popup de propaganda e formulários de inscrição para newsletters ou para seguir suas redes sociais. Além de não usar players que toquem músicas automáticas ou acionem vídeos sem que a pessoa dê o comando de play.

Previsibilidade

  • Informe onde a pessoa está e o quanto falta para terminar ou atingir o objetivo. Isso pode ser usado além de um processo de compra, em formulários, tópicos ou páginas sequenciais. Usar um menu de navegação no topo de um site – ou breadcrumb como é conhecido esse menu em inglês – e links que indiquem o destino também são boas práticas de acessibilidade digital. Você pode incluir, por exemplo, os dizeres “Foto 1 de 7” em uma galeria de imagens ou “Etapa 1 de 3 preenchida”, em um formulário.

Tolerância a erros

  • Ajude a pessoa a entender onde errou. Em uma prova digital, por exemplo, mostre quais foram as respostas erradas e a certa com uma explicação logo abaixo. 
  • Tenha flexibilidade para aceitar pequenas falhas. Um aplicativo de idiomas pode aceitar uma grafia escrita errada para não desestimular a pessoa neurodiversa, parabenizá-la, mas mostrar o erro e alertá-la para a forma correta de escrever as palavras.  

Objetividade

  • Use textos claros, concisos, com voz ativa, e evite metáforas, jargões e expressões que podem não ser de conhecimento de todas as pessoas.
  • Comece seu texto, notícia ou artigo com um resumo em tópicos do que a pessoa vai encontrar ali naquele conteúdo.

Consistência

  • Use padrões consistentes em sites e aplicativos, tanto na versão desktop quanto na versão mobile, sem mudar os locais em que são disponibilizados o menu, a opção de busca, disposição de certos ícones e elementos e busque sempre símbolos que são facilmente reconhecíveis. Essa consistência é positiva e gera também uma previsibilidade.

Múltiplos meios

  • Ofereça seu conteúdo em mais de um formato. Tem gente que prefere informações em texto, infográficos, imagens ou até em áudio. Então, quando você disponibiliza a informação em, pelo menos, dois formatos, vai impactar um público maior naquele conteúdo.
  • Ofereça também múltiplas formas de encontrar uma informação, permitindo que seja acessada via menu, pesquisada por palavra-chave, disponibilizada na home ou nos links mais acessados.

*Este conteúdo faz parte do conhecimento criado para o evento do Movimento Web para Todos em parceria com o Google, que aconteceu em outubro de 2021. 

Assista ao painel “Desafios de contemplar a neurodiversidade nos projetos digitais” na íntegra:


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