
A cada ano, o ambiente digital se torna mais completo e uma verdadeira extensão do mundo físico. Hoje em dia é quase impossível não pesquisar na web um produto ou serviço antes de comprá-lo. Mas será que todas as pessoas estão conseguindo usufruir dos benefícios e conforto que os canais digitais oferecem? Infelizmente, a resposta é “não”.
Quando profissionais de marketing tomam consciência das milhões de pessoas consumidoras que estão deixando de atender, investir em acessibilidade digital passa a ser encarado como quesito estratégico, ético e diferencial de mercado.
Por isso, esta reportagem convida quem planeja, cria e publica conteúdos digitais a refletir sobre como estão criando e gerindo seus canais, além de estimular as mudanças necessárias a partir de agora.
A seguir, exploramos cinco práticas que, quando incorporadas desde o planejamento, impactam positivamente na usabilidade, na reputação, no alcance e na eficácia das iniciativas de profissionais de marketing.
Acessibilidade desde o briefing
Imagine uma campanha de marketing digital sendo criada sem considerar que parte do público pode usar um leitor de tela, navegar via teclado ou não ouvir o áudio de um vídeo. Isso significa que muita gente nem sequer vai conseguir “entrar” no seu funil de vendas.
Por isso, desde o briefing inicial, pense na acessibilidade como critério essencial e jamais como algo opcional ou “extra”. Isso envolve prever diferentes formatos de entrega (texto, áudio, vídeo legendado, aplicativo, site), escolher paletas de cor e tipografias com contraste e legibilidade adequados, estruturar o conteúdo de modo fluido com hierarquia clara, navegação intuitiva, e sem depender exclusivamente de elementos visuais ou interações complexas.
Dessa forma, a campanha já nasce com a premissa de inclusão, tornando sua comunicação mais democrática e eficaz.
Design responsivo e navegável
A responsividade, muitas vezes, é vista apenas como adaptação a diferentes tamanhos de tela. Mas é preciso que o layout e a navegação funcionem igualmente bem usando teclado, toque ou tecnologias assistivas para garantir acessibilidade de verdade.
Isso significa garantir os espaçamentos adequados entre os elementos, permitir que o texto possa ser redimensionado sem “ficar quebrado”, além de pensar na ordem semântica do conteúdo para que ele faça sentido independentemente da forma como é acessado.
Em campanhas de marketing, isso faz diferença especialmente em landing pages, formulários de captura e anúncios interativos. Ou seja, um design que não considera essas variáveis pode excluir uma parcela real do público antes mesmo de mostrar a ele qualquer mensagem.
Chamadas para ação (CTAs) claras e intuitivas
Não basta usar “clique aqui” ou “saiba mais”. Para quem usa leitor de tela, para quem tem dificuldades de leitura ou acessa pelo celular com recursos limitados, uma CTA genérica não ajuda. Pior, ela confunde ou invisibiliza a ação esperada.
Por isso, uma boa prática é usar rótulos descritivos e claros, como “Baixe o e-book sobre design acessível” ou “Inscreva-se no curso gratuito”.
Essa clareza beneficia todo mundo, melhora usabilidade e conversão, e ainda fortalece a equidade na comunicação. O conteúdo acessível é mais relevante, claro e direto, e isso se reflete nos resultados reais da empresa.
Testes como parte da rotina
Depois de planejar e construir, vem o momento do teste real antes de lançar o produto ou canal digital no mercado. Utilize simuladores de deficiências diversas, leitores de tela e verificadores de contraste para garantir a usabilidade do seu conteúdo digital.
Essas ferramentas ajudam muito na identificação das principais barreiras de acessibilidade, como textos embutidos em imagens com contraste insuficiente, botões fora do alcance do teclado, navegação truncada, ausência de alternativas para conteúdos visuais etc.
É fundamental incluir também testes manuais de usabilidade e de acessibilidade com pessoas com deficiência especialistas neste campo. Essas práticas vão reduzir retrabalho, evitar exclusões e assegurar uma experiência de qualidade para todo perfil de público e não só aqueles que temos costume de alcançar.
Acessibilidade como cultura da equipe
Por fim — e talvez mais importante —, praticar acessibilidade digital com consistência exige que ela esteja incorporada à cultura da equipe de marketing. Isso significa trazer o tema para reuniões, definir acessibilidade como critério nos processos de aprovação, sensibilizar empresas parceiras, freelancers e agências, e revisar continuamente conteúdos e campanhas.
Quando a acessibilidade deixa de ser vista como “detalhe técnico” e passa a ser um compromisso com a inclusão e com a qualidade, o impacto vai além da experiência individual. E transforma a reputação da marca e amplia genuinamente quem pode ser alcançado.
O impacto é muito maior e significativo quando a acessibilidade passa a ser encarada como compromisso com a inclusão e com a qualidade do produto ou serviço. Assim, é possível fortalecer e proteger a reputação da marca, além de ampliar significativamente a participação no mercado.