Black Friday: falta de acessibilidade ainda é barreira para milhões de pessoas com deficiência


Ilustração de tela de computador com desenhos e ícones que remetem a uma loja virtual.

Você é daquelas pessoas que espera ansiosamente as promoções da Black Friday para antecipar os presentinhos de final de ano? Se sim e consegue acessar os sites de grandes marcas com as liquidações todas, sorte a sua!

Essa é uma realidade ainda distante para milhões de brasileiros e brasileiras que possuem limitações mais severas e que dependem de alguns recursos e tecnologias assistivas para navegar em sites e aplicativos, inclusive os de e-commerce.

A iniciativa, criada nos Estados Unidos e já consolidada em países do mundo inteiro, incluindo o Brasil, é aguardada ansiosamente tanto pelas empresas quanto pelos consumidores e consumidoras. Ela acontece sempre no final de novembro (neste ano, 24), e dá início às vendas para o período de festas de final de ano.

Para se ter ideia do tamanho desse mercado, uma projeção apresentada pela Méliuz aponta que 95,2% das pessoas entrevistadas estão dispostas a aproveitar a data para fazer compras – e 98% vão optar por fazer as compras em lojas online!

A análise revela que 32% desse público estão dispostos a gastar mais de R$ 1 mil durante toda a Black Friday, sendo que as duas categorias mais buscadas são Eletrônicos e Informática (49,2%) e Eletrodomésticos e Eletroportáteis (44,8%). Entre as razões apontadas para realizar as compras online, destacam-se: melhor preço (87,2%); comodidade (82,4%); e melhores promoções (51%).

Mas será que todas as pessoas, incluindo as que possuem deficiências mais severas, conseguem se beneficiar dessas vantagens? Infelizmente, não. Isso porque mesmo os maiores varejistas online do país não estão com seus sites, aplicativos e redes sociais acessíveis para este grande público consumidor.

O último estudo realizado pelo Movimento Web para Todos aponta que 0,46% dos mais de 21 milhões de sites ativos no Brasil está acessível para pessoas com algum tipo de deficiência. Quando o recorte recai sobre os sites de e-commerce, esse índice despenca ainda mais: apenas 0,06% não apresentou falhas de acessibilidade.

“Barreiras como a falta de descrição de imagens, formulários que não estão acessíveis para o leitor de telas, vídeos apresentando produtos sem audiodescrição, Libras e legendas, entre outras, impedem as marcas de atingir um público muito maior. Além de perder dinheiro, elas estão infringindo uma série de leis federais, podendo inclusive serem autuadas pelo Ministério Público Federal”, comenta Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.  

Para Alexandre Pacheco da Silva, professor e pesquisador da Escola de Direito FGV-SP, pela lei, acessibilidade não é apenas um direito. “É um meio pelo qual pessoas com deficiência podem alcançar a sua inclusão enquanto consumidores e, sobretudo, enquanto cidadãos. Assim, mesmo que a Lei ainda precise de regulamentação em alguns pontos, o comércio eletrônico precisa incluir essas preocupações desde a criação do seu site. Se não por um imperativo de civilidade, por uma necessidade de vender mais produtos”, afirma.

Como denunciar essa violação de direitos básicos do Decreto de Comércio Eletrônico, do Código de Defesa do Consumidor e da Lei Brasileira de Inclusão:

  • Entrar em contato com a empresa, por meio dos canais SAC e do atendimento às pessoas consumidoras, e denunciar a violação de direitos ocorrida.
  • Entrar em contato com o Procon mais próximo da pessoa que está fazendo a reclamação para registrar o problema de acessibilidade ou de violação de direitos.
  • Ou, outra opção é registrar uma reclamação na plataforma Consumidor.gov.br

Como as lojas virtuais podem se adequar

Selecionamos uma série de conteúdos para ajudar profissionais que desenvolvem e mantêm sites e aplicativos de lojas a tornarem esses canais acessíveis a todas as pessoas. São eles:


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